Na sexta-feira (8) faz três meses que o empresário Ronaldo Mendes Nunes, 40, está foragido da Polícia Federal. Alvo da Operação Sanctus, que investiga organização internacional de tráfico de drogas, Ronaldo estaria escondido em território paraguaio, sob a proteção de bandidos poderosos da fronteira.
Dono de restaurante de alto padrão em Dourados e Ponta Porã, Ronaldo teve a prisão decretada junto com o irmão, Hermógenes Aparecido Mendes Filho, 49, e outros investigados no âmbito da operação.
Aparecido foi preso em Dourados e segue recolhido no sistema penitenciário estadual. O irmão dele, no entanto, estava em Pedro Juan Caballero no dia da operação e teria escapado do cerco montado pela Senad (Secretaria Nacional Antidrogas) a pedido da PF.
No dia 30 de janeiro, o Campo Grande News revelou que Ronaldo teria recebido proteção de um deputado paraguaio para fugir da Senad e se esconder em território estrangeiro.
A informação citando o político paraguaio consta de decisão da 3ª Vara Federal em Campo Grande, publicada no dia 29 de janeiro, que negou o relaxamento da prisão preventiva dos irmãos Mendes.
“Quanto a Ronaldo Mendes Nunes, relata a autoridade policial que o investigado estava na cidade de Pedro Juan Caballero na data da deflagração, em residência já identificada pelos integrantes da Senad do Paraguai sob monitoração para captura e posterior entrega às autoridades brasileiras, ocasião em que, segundo consta, foi ‘resgatado’ nesta residência por um deputado paraguaio, supostamente envolvido com o narcotráfico internacional, que teria atuado junto à Senad para impedir a entrega de Ronaldo à Polícia Federal do Brasil”, afirmou o despacho.
Três dias depois, a imprensa paraguaia revelou que o deputado seria Eulalio Gomez, o “Lalo”. O Ministério Público daquele país anunciou que o político seria intimado a prestar depoimento sobre seu suposto envolvimento na fuga do traficante brasileiro.
Após a repercussão do caso, a Senad confirmou que o traficante conseguiu fugir, mas não se manifestou sobre o suposto resgate determinado por Lalo Gomez. Segundo jornais paraguaios, integrantes da alta cúpula da agência estariam envolvidos no vazamento de informações que levou à fuga de Ronaldo.
“Motinha”
Policiais brasileiros suspeitam que Ronaldo Mendes Nunes tenha recebido proteção de outro bandido famoso na linha internacional – Antonio Joaquim Gonçalves Mendes da Mota, 30, conhecido como “Dom” e “Motinha”. Os dois seriam inclusive sócios no restaurante, que tem unidades em Dourados e Ponta Porã.
Na lista de procurados da Interpol (Organização Internacional de Polícia Criminal), “Motinha” é alvo de dois mandados de prisão e está foragido desde 30 de junho do ano passado, quando foi alvo da Operação Magnus Dominus, desencadeada pela PF para desmantelar o grupo de mercenários montados pelo traficante sul-mato-grossense para sua proteção pessoal e para intimidar cartéis rivais.
Avisado da operação, Motinha fugiu de helicóptero horas antes de os policiais federais chegarem à mansão da família em Ponta Porã. Seis mercenários que trabalhavam para ele, entre os quais um policial do DOF (Departamento de Operações de Fronteira), foram presos naquele dia. Outros dois foram capturados depois e três seguem foragidos.
No dia 20 de fevereiro, o pai de Motinha e apontado como principal líder do Clã Mota, Antonio Joaquim da Mota, o “Tonho”, foi preso pela Polícia Federal em Ponta Porã e levado de helicóptero para a Penitenciária Federal em Campo Grande.
A prisão preventiva foi decretada pelo TRF (Tribunal Regional Federal) da 3ª Região em processo que tramita em sigilo, no qual Tonho é acusado de posse e tráfico ilegal de arma de fogo, tráfico de drogas e organização criminosa.
Crédito: Campo Grande News