Os motoristas do transporte público de Campo Grande entram no terceiro dia de greve nesta quarta-feira (17/12), mesmo com determinação judicial para o retorno escalonado da atividade. A decisão foi tomada em assembleia realizada na escadaria do TRT-24 (Tribunal Regional do Trabalho da 24ª Região), logo após a audiência em que a Justiça elevou a multa para R$ 200 mil e ordenou a retomada parcial da frota a partir das 6h.
Durante a assembleia, segundo publicado pelo Campo Grandde News, o presidente do sindicato dos motoristas, Demétrio Freitas, chegou a sugerir o retorno de 40% do efetivo como forma de cumprir parcialmente a decisão judicial. A proposta, no entanto, foi rejeitada pelos trabalhadores. Por maioria, os motoristas decidiram manter 100% da greve e não comparecer às garagens para trabalhar.
“Todo trabalhador que estava lá no auditório agora que participou da audiência optou por continuar a paralisação. Mesmo com a multa de 200 mil reais que o desembargador aplicou no sindicato e uma série de coisas que podem vir, mas enquanto não receber o que está condicionado, não vão voltar”, declarou Demétrio, afirmando ainda que a falta de propostas por parte do Consório Guaicurus foi determinante para a manutenção da paralisação.
Questionado sobre o pagamento da multa aplicada pela Justiça, Demétrio disse que o tema ainda será discutido internamente pelo sindicato. “A gente vai discutir, né? A gente vai discutir. Vamos conversar de que maneira que vai ser paga? Não sei. Só depois que ser aplicada que a gente vai, da mesma maneira que ele tem autonomia de aplicar. A gente também vai usar os nossos meios para poder ver que, de alguma maneira, vai ser pago isso aí”, disse.
Pelo Consórcio Guaicurus, o presidente Themis Oliveira afirmou que as conversas com o poder público continuam, mas destacou que a decisão de manter a paralisação cabe exclusivamente aos motoristas. “Nós vamos continuar conversando com a prefeitura e vamos continuar buscando resolver o problema”, afirmou.
Ao ser questionado sobre o manifesto dos trabalhadores e a recusa em voltar ao trabalho, Themis foi direto: “É uma decisão deles, eu não posso intervir”. Ele também confirmou que novas reuniões podem ocorrer na tentativa de buscar um acordo. “É conversar o tempo inteiro, negociar o tempo inteiro. A intenção do consórcio é resolver o problema, achar uma solução. E vamos continuar buscando um entendimento”, declarou.
Themis também reconheceu que ainda há valores expressivos a serem pagos aos trabalhadores. Segundo ele, resta quitar mais de R$ 1,3 milhão referentes aos 50% do salário de novembro. “Nós vamos procurar conversar com a prefeitura para receber o que nós temos a receber ainda da prefeitura e negociar, negociar o tempo inteiro. É essa a palavra de ordem hoje”, concluiu.