Senadora foi escolhida candidata em convenção ontem, mas MDB caminha rachado nas eleições deste ano
Aprovada por 262 a 9 votos na convenção do MDB e por unanimidade pelo PSDB e Cidadania, a senadora Simone Nassar Tebet, 52 anos, será a primeira candidata a presidente da República de Mato Grosso do Sul em 62 anos. “Coloco a minha vida a favor do Brasil, da democracia e do povo brasileiro”, afirmou.
Apresentando-se como candidata do Centro Democrático, ela fez duras críticas ao presidente Jair Bolsonaro (PL), a quem responsabilizou por 30 anos de retrocesso no País. A senadora foi aliada do capitão nos primeiros dois anos de mandato, votando a favor de 86% das propostas bolsonaristas, inclusive sobre as armas de fogo.
Apesar de prometer a paz e prometer um governo de união nacional, ela limitou-se a fazer duras críticas ao PT do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A emedebista reconheceu os méritos de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) nos programas de inclusão social, mas ignorou Lula, famoso pelo Bolsa Família e por ter tirado o Brasil do mapa da fome.
Simone também criticou a corrupção e o Petrolão, que atribuiu apenas aos petistas, mas não fez mea culpa dos aliados, como o ex-presidente Michel Temer (MDB), que chegou a ser preso na Operação Lava Jato. Ela ainda votou contra a prisão do então senador Aécio Neves (PSDB) no mesmo escândalo.
Natural de Três Lagoas e filha do ex-senador Ramez Tebet, morto em decorrência de um câncer em 2006, Simone Tebet é formada em Direito pela UFJR (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e com mestrado em Direito de Estado pela PUC de São Paulo. Ele foi deputada estadual por dois anos (2003-04), prefeita de Três Lagoas (2005-2010), vice-governadora (2011-14) e senadora da República até 2023.
Ela é a segunda sul-mato-grossense a disputar a presidência da República. O primeiro foi Jânio Quadros, que nasceu em Campo Grande e viveu em Curitiba. Ele foi eleito presidente com 5,6 milhões de votos, uma votação história na época, prometendo acabar com a corrupção no País. Acabou renunciando em agosto de 1961.
Mesmo sendo nomeada sem o apoio unânime do MDB, já que 12 diretórios vão apoiar outros candidatos a presidente (11 estão com Lula e um com Bolsonaro), Simone mostrou-se otimista com a disputa. Mesmo oscilando entre 1% e 4% nas pesquisas, ela vai na contramão de Bolsonaro e promete respeitar o resultado das urnas.
“O Brasil precisa novamente de nós, porque nós não aceitamos retrocessos”, afirmou a senadora, fazendo referência aos históricos do grupo, como Ulisses Guimarães, Franco Montoro, Mário Covas, FHC, que lutaram contra a ditadura militar.
Aliada de Bolsonaro nos primeiros dois anos, Simone não poupou críticas ao atual governo. “A inflação de dois dígitos come o salário dos brasileiros”, disse, destacando que a população está gastando metade do salário com alimentação.
A senadora criticou a irresponsabilidade fiscal de Bolsonaro, fazendo referência aos R$ 42 bilhões que serão gastos neste ano com bondades para impulsionar a popularidade do presidente, como o aumento no Auxílio Brasil de R$ 400 para R$ 600, o aumento no vale gás, a criação do auxílio de R$ 1 mil para caminhoneiros e taxistas e a redução nos preços dos combustíveis até a eleição.
“30 anos de retrocesso”, lamentou. “Temos um presidente que não acredita na ciência”, ressaltou , culpando Bolsonaro pelas quase 700 mil mortes causadas pela pandemia da covid-19. Na sua opinião, houve atraso na compra de vacinas.
“O meu primeiro compromisso será acabar com a fome, erradicar a miséria”, prometeu, repetindo um mantra da maior parte dos candidatos a presidente. “Sou mãe de duas Marias, nenhuma criança vai dormir com fome”, frisou.
Na opinião de Simone, FHC foi o responsável pela maior transferência de renda do Brasil. Neste momento, a candidata ignorou Lula, cujo Bolsa Família é apontado como o maior e principal programa de transferência de renda do País.
A candidata prometeu reforçar o financiamento do SUS (Sistema Único de Saúde) e apostar na construção civil para a geração de empregos. “Sem reformas o Brasil não volta a crescer”, destacou, prometendo deslanchar a tributária em seis meses. A redução de impostos no Brasil é uma promessa eterna e nunca cumprida por nenhum candidato a presidente da República.
“Infelizmente nunca destruímos tanto como agora”, lamentou, sobre o meio ambiente. Ela defendeu que a sustentabilidade não é incompatível com o agronegócio.
Simone ainda não definiu o candidato a vice-presidente. O mais cotado, o senador Tasso Jereissati (PSDB), do Ceará, recusou o convite para integrar a chapa da emedebista. Agora, a mais cotada é a senadora Eliziane Gama (Cidadania), do Maranhão.