Homologado candidato a governador de Mato Grosso do Sul na convenção do PRTB, o capitão do Exército Renan Barbosa Contar, 38 anos, não cedeu às pressões e acabou com os boatos de que seria suplente de senador, vice-governador ou deputado federal. “Este governador aqui vai transformar o Estado de Mato Grosso do Sul e vocês terão orgulho”, afirmou, como candidato.
“Vocês terão a oportunidade única de passar nosso Estado a limpo, de mudar a história de MS, dar um novo futuro aos nossos filhos e a nossa família”, prometeu o parlamentar, que teve o mandato marcado por fiscalizar e fazer denúncias contra a gestão de Reinaldo Azambuja (PSDB).
Natural de Campinas (SP), ele frequentou a Escola Preparatória de Cadetes para o Exército, formou-se na Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN) em 2006 em Resende (RJ) e tem pós-graduação na Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais. Apaixonado por motocicleta, ele percorreu 18 países americanos sob duas rodas, indo de um extremo a outro, de Ushuaia, na Argentina, até o Alasca, nos Estados Unidos.
Contar entrou na política pela primeira em 2018, quando surfou na onda do bolsonarismo e acabou sendo o deputado estaduais mais votado, com 78.310 votos. Fiel a Jair Bolsonaro (PL), inclusive nos momentos mais tensos e polêmicos da pandemia da covid-19, o capitão disputa o apoio do presidente com o candidato do governador, o ex-secretário estadual de Infraestrutura, Eduardo Riedel (PSDB).
A chapa será pura, já que o vice será o pecuarista, empresário, advogado e professor universitário Humberto Sávio Abussafi Figueiró, o Beto Figueiró, 54 anos. Em 2018, Figueiró foi candidato a senador na chapa do juiz federal aposentado Odilon de Oliveira (PSD). Eles vão ter o apoio do Avante, que iria lançar o procurador de Justiça Sérgio Harfouche para o Senado, mas ele acabou perdendo força política e desistiu de disputar a vaga pela segunda vez.
Na convenção do PRTB, realizada em um hotel, os eleitores de Contar estavam nas cores verde e amarelo. “Eu vim de graça, eu vim de graça”, gritaram, em vários momentos da convenção, para fazer contraponto aos principais adversários na disputa, que reuniram milhares, inclusive ocupantes de cargos comissionados.
“Eles vão sofrer”, avisou o candidato a governador após o alívio de ver o nome confirmado diante dos boatos de que desistiria para apoiar o candidato de Reinaldo, que obteve uma declaração de apoio de Bolsonaro na véspera. “Orgulho muito grande de estar com vocês, receber esse calor, esta energia, esta sede de renovação e de esperança”, afirmou.
No discurso, o militar fez questão de deixar claro que a jornada não foi fácil. Inicialmente, ele planejava ser candidato pelo PL, mesmo partido de Bolsonaro. No entanto, a sigla acabou cooptada para apoiar o candidato do PSDB. Para não ficar de fora, o deputado acatou se filiando ao PRTB.
“Contra todas as adversidades, contra todas as energias negativas, contra todas as arapucas, as ciladas, aqueles velhos hábitos da velha política, tentando desacreditar o povo sul-mato-grossense, tentando afastar de nós o sonho de renovarmos nosso estado de verdade, tudo isso, hoje se encerra”, afirmou, na convenção realizada na sexta-feira (5).
Defensor de Bolsonaro, Capitão Contar recebeu vídeos com declarações de apoio do apresentador do SBT, Carlos Massa, o Ratinho, e da deputada estadual por São Paulo, Janaina Paschoal (PL). “Mato Grosso do Sul tem jeito sim e ele vai acontecer”, frisou o deputado.
O candidato contou que ingressou na política após ser desafiado pela esposa, a empresária Iara Diniz. “A mulher sempre tem um posto acima do militar, major, né Iara”, disse, provocando risos na plateia. Ela teria dito que ou ele ia para a missão ou não poderia reclamar mais da política.
Mesmo sem estrutura, dinheiro e conhecer nenhum vereador, ele acabou sendo eleito o deputado estadual mais votado em 2018. “É a chance de romper a bolha, o sistema, de trazer esperança para MS, para as pessoas”, afirmou, sobre a candidatura a governador.
“Aqui não tem compra de votos, não tem velhas práticas, aqui nós temos o povo, o mesmo que elegeu o Bolsonaro em 2018 e vai reeleger em 2022”, discursou, mantendo o apoio ao presidente, mesmo após ele ter ligado para apoiar o adversário, o candidato do partido que ele tanto criticou por ter aumentado os impostos e pelas denúncias de corrupção.
O capitão encerrou retomando o discurso da guerra do bem contra o mal. “E o bem vai vencer”, prometeu.