Procurador do Estado com salário de R$ 53,7 mil, Felipe Gimenez passou a ser mais um dos ativistas a questionar a derrota de Jair Bolsonaro (PL). Em postagens, ele crê em fraude na urna eletrônica, não aceita a vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e incentiva a manutenção dos protestos em frente aos quarteis. O advogado propaga teorias conspiratórias da esquerda.
Servidor de carreira, Gimenez ganhou os holofotes após entrevista para a Rádio Hora e ser denunciado pelo ex-governador Zeca do PT no Ministério Público Federal. “Denunciei ele pois ele levanta uma inverdade, uma mentira muito grave contra o TSE, dizendo que quem elegeu o Lula foi o sistema eleitoral e não o povo”, justificou o petista, eleito deputado estadual nas eleições deste ano.
Fã do filósofo bolsonarista Olavo de Carvalho, Gimenez incentiva a manutenção da manifestação em frente ao CMO (Comando Militar do Oeste), em Campo Grande, onde centenas de pessoas fazem vigília desde o dia 31 de outubro deste ano.
“Permaneçam na frente dos quarteis! Não caiam na armadilha da esquerda! Eles querem provocar um ‘capitólio tupiniquim’. Querem nos usar para inventar uma invasão de algum prédio público! O juiz da crise são as Forças Armadas com base na constituição federal (artigo 142)”, tuitou, repetindo o mantra de que a crise só vai acabar com a intervenção do Exército.
Entre muitos apoios, um seguidor tirou sarro: “qual crise? A de insanidade coletiva?”, questionou, sobre as crenças do procurador de que o Brasil vive uma grande crise por causa da eleição de Lula.
“Copiem minhas mensagens. A súcia resolveu me atacar. O bando deve em breve fechar meus meios de comunicação. Se tombar será em pé. Nunca me colocarei de joelho para a malta. Vamos até o fim firmes na linha de combate”, postou, temendo a ofensiva do TSE contra a propagação da fake news.
“As urnas são ARMAS DE GUERRA CIBERNÉTICA do Foro de São Paulo. Uma arma disfarçada de ‘máquina de votação’ para conquistar países manipulando a democracia pelo voto eletrônico”, afirma Gimenez.
A teoria da conspiração não se sustenta nos fatos. Só que a esquerda só chegou à presidência com Lula em 2002, seis anos depois de as urnas serem adotadas no país, e ainda perdeu a eleição para Bolsonaro em 2018. Em 2016, o PT teve um retumbante fracasso nas eleições para prefeito. Em Mato Grosso do Sul, a sigla não elegeu nenhum prefeito. Neste ano, a esquerda perdeu nos maiores colégios eleitorais do País, como São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.
Outra postagem do procurador do Estado é rebatida pelos próprios seguidores. “Não há prova de fraude porque não há prova do voto! Se o voto não existe materialmente ele é só um pulso elétrico. Sendo só um pulso elétrico pode ser ou não ser qualquer coisa a qualquer momento! Quando vc entenderão isso?!”, postou Felipe Gimenez.
“Quando eu faço um pix não é dinheiro. É um pulso elétrico. Então, se a cédula não está impressa, vc não pode gastar”, debochou um seguidor. “Gente que loucura, claro que tem prova do voto, e o canhoto que a pessoa votou em determinada seção e a tal seção sumiu do site do TS5??? Como isso não é prova???”, questionou um direitista.
“O golpe contra a Democracia (‘poder do povo’) aconteceu em 96 pois tiraram do povo o poder de fiscalizar a contagem dos votos. Contar o voto escondido é o golpe! Mesmo com relatório ‘passa-pano’ ninguém prova que o ladrão venceu. A máquina do careca não faz prova… faz truque”, tuitou Gimenez.
As manifestações do procurador do Estado, com 13,8 mil seguidores no Twitter, causaram perplexidade no ex-governador. “Isso é de uma gravidade, uma tentativa de botar em dúvida o processo democrático reconhecido no mundo todo que o Brasil viveu eleitoralmente. Além de com isso, incentiva os atos de baderna antidemocráticos que cada vez mais se esvaziam. Denunciei ele para o governador Reinaldo Azambuja (PSDB), para o governador eleito Eduardo Riedel (PSDB) e encaminhei para a página do STF pedindo providência em relação a isso”, disse Zeca.