O presidente da FFMS (Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul), Francisco Cezário de Oliveira, de 77 anos, saiu preso durante as buscas da Operação Cartão Vermelho, contra esquema de lavagem de dinheiro que desviou R$ 6 milhões da Federação. Além dele, outras seis pessoas são alvos de prisão, em ação na manhã desta terça-feira (21).
A casa de Cezário foi alvo de mandado de busca e apreensão, onde agentes do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizada) ficaram cerca de quatro horas e apreenderam mais de R$ 800 mil em espécie. Além disso, foi localizada uma arma de fogo no imóvel de alto padrão, localizado na Vila Taveirópolis, em Campo Grande.
Contra Cézário havia mandado de prisão preventiva. Como é advogado com registro ativo, o presidente foi acompanhado por representantes da Comissão de Defesa e Assistência das Prerrogativas dos Advogados de Seccionais da Ordem dos Advogados do Brasil. "Devemos aguardar os esclarecimentos, que serão prestados oportunamente”,disse o advogado de Cezário, André Borges.
Francisco Cezário é conhecido pela longevidade no comando da federação, sendo há quase 28 anos o “dono da bola” no futebol de MS. Ele está no sétimo mandato e fica no cargo até 2027. A última eleição aconteceu em 2022. Marcada por briga na Justiça, o desfecho foi vitória da chapa única, liderada por Cezário. O presidente só se afastou do cargo por oito anos, quando foi prefeito de Rio Negro.
Esquema
Segundo o Ministério Público, em 20 meses de investigação foi constatada uma organização criminosa dentro da Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul, "cujo principal objetivo era desviar valores, sejam provenientes do Estado de Mato Grosso do Sul (via convênio, subvenção ou termo de fomento) ou mesmo da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), em benefício próprio e de terceiros".
Uma das formas de desvio era a realização de frequentes saques em espécie de contas bancárias da FFMS, em valores não superiores a R$ 5 mil, para não alertarem os órgãos de controle, que depois eram divididos entre os integrantes do esquema. A investigação constatou mais de 1,2 mil saques, que ultrapassaram o montante de R$ 3 milhões.
Também havia um esquema de desvio de diárias dos hotéis pagos pelo Estado de MS em jogos do Campeonato Estadual de Futebol. "Esse esquema de peculato estendia-se a outros estabelecimentos, todos recebedores de altas quantias da Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul. A prática consistia em devolver para os integrantes do esquema parte dos valores cobrados naquelas contratações (seja de serviços ou de produtos) efetuadas pela Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul", diz nota do Gaeco.
Ao todo, os valores desviados, no período de setembro de 2018 até fevereiro de 2023, superaram a casa dos R$ 6 milhões. Nos últimos 15 anos, a Federação de MS recebeu R$ 11,5 milhões de verba pública, somente através de convênio com a Fundesporte (Fundação de Desporto e Lazer de Mato Grosso do Sul).
Cartão Vermelho
Diante dos indícios de desvio milionário dentro da Federação, agentes do Gaeco saíram às ruas hoje para cumprir 7 mandados de prisão e 14 de busca e apreensão, em Campo Grande, Dourados e Três Lagoas. A lista de investigados inclui dirigentes da FFMS, hotéis e barbearias do interior do Estado.
Além da sede da FFMS e da casa do presidente Francisco Cezario de Oliveira, no bairro Taveirópolis, constam os nomes de Jamiro Rodrigues de Oliveira, vice-presidente da FFMS; Marco Antônio Tavares, vice-presidente e coordenador de competições da federação, que também consta como presidente da Federação de Tênis de Mesa; Aparecido Alves pereira, delegado de jogos da FFMS; e Rudson Bogarim Barbosa que, em publicação do site da entidade, em 2022, constava como gerente da TI da FFMS.
Em Dourados, o Gaeco cumpriu mandado em um restaurante na Avenida Marcelino Pires e na empresa Invictus Sports, fornecedora de uniforme dos times da série A do Campeonato Sul-Mato-Grossense. Documentos e o celular do proprietário, Marco Antonio de Araújo, foram apreendidos. Marco Antonio também é o presidente do DAC (Dourados Atlético Clube).
(Do Campo Grande News e Redação)