Senadora eleita por Mato Grosso do Sul, a deputada federal Tereza Cristina (PP), do Centrão, reconheceu a derrota do presidente Jair Bolsonaro (PL) e defende a volta à normalidade, mesmo com a posse, do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “Estão todos muito tristes, o agro está triste, mas é hora de seguir adiante”, afirmou a ex-ministra da Agricultura em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo.
Tereza negou que o agronegócio esteja patrocinando as manifestações contra a posse de Lula e a favor da intervenção militar, que incluiu o bloqueio de rodovias em vários estados brasileiros. “De jeito nenhum. O que está ocorrendo nas estradas é resultado da indignação das pessoas. Foi uma coisa espontânea das pessoas, de alguns produtores, mas não tem a participação de nenhuma associação, nenhuma instituição, não foi organizado. O agro é um setor que apostou no presidente Bolsonaro desde o início. É natural que haja uma frustração enorme no setor. Ele é um grande líder de direita”, afirmou.
Além de aceitar a vitória de Lula, a ex-ministra propõe que Bolsonaro, com o capital político de 58 milhões de votos, assuma a liderança da oposição quando deixar o cargo. “Eu acho que o presidente saiu destas eleições com um capital político enorme, foram mais de 58 milhões de votos. O agro está do lado dele, mas agora é hora de se organizar, de acalmar os ânimos. O que vimos foi uma eleição de dois projetos, foi um plebiscito entre a direita e a esquerda. Passada a eleição, é momento de ter equilíbrio para seguir adiante”, aconselhou.
“O presidente vai liderar o movimento de direita no País. Ele pode não ter ganhado a eleição, mas ocupará essa posição, com toda certeza. É ele quem vai liderar esse movimento”, previu.
A deputada ainda defendeu diálogo do agronegócio com o novo Governo, mesmo com a eventual nomeação da senadora Simone Tebet (MDB) para comandar o Ministério da Agricultura. “Numa democracia, mesmo sendo oposição, temos de estar abertos a dialogar, para trabalhar pelo setor. O Brasil precisa do agro, independentemente de quem estiver à frente do governo. É um setor moderno, sustentável”, afirmou.