Em depoimento à Polícia Civil, o ex-vereador Adriano da Silva Rodrigues, o Professor Dadá (Patriotas), confirmou o recebimento de mensalinho de R$ 3 mil, em dinheiro vivo, do então prefeito de Maracaju, Maurílio Ferreira Azambuja, o Dr. Maurílio (MDB). O pagamento começou a ser feito após o parlamentar se queixar do salário de R$ 5.980, que não era suficiente para cobrir as despesas.
Professor Dadá foi um dos alvos da Operação Mensalinho, denominação da 3ª fase da Dark Money, deflagrada pelo DRACCO (Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado), no dia 7 de dezembro do ano passado. Ele foi um dos 11 vereadores que recebeu propina para integrar a base do emedebista em Maracaju.
Além do cheque nominal, pago por meio da conta clandestina para desviar R$ 23 milhões da prefeitura, o ex-vereador confirmou o pagamento do “auxílio mensal”. Adriano contou que dava aula de dança em um projeto, no qual recebia de R$ 500 a R$ 1 mil.
Em 2016, ele acabou sendo eleito vereador e passou a ganhar R$ 5.980. A então primeira-dama, Leila, e o marido, Dr. Maurílio, eram os seus conselheiros políticos. Professor Dadá chegou a se queixar com o emedebista, de que o salário não era suficiente para as despesas.
Em depoimento ao DRACCO, que O Jacaré teve acesso com exclusividade, o ex-vereador confirmou que o então prefeito passou a lhe repassar R$ 3 mil por mês, o que lhe aumentava o salário de vereador em 50%. O pagamento era livre de impostos e feito em dinheiro vivo pelo secretário municipal de Fazenda, Lenilso Carvalho, que foi candidato a prefeito e perdeu a disputa para o atual prefeito, Marcos Calderan (PSDB).
Quando ia enviar um projeto para a Câmara Municipal, Dr. Maurílio chamava o Professor Dadá e pediu apoio para a proposta. Então, ele votavam por “consideração a primeira-dama e ao prefeito” e pelo “auxílio financeiro de R$ 3 mil”.
Conforme a investigação, o mensalinho pago aos vereadores variava de R$ 2.350 a R$ 44 mil por mês. O mais abonado era o ex-presidente da Câmara Municipal, Hélio Albarello (MDB).
A certeza da impunidade era tanta que o pagamento da propina era feito em cheque nominal, conforme mostrou a quebra do sigilo bancário e a apreensão de documentos pelo DRACCO.
Os oito vereadores afastados pela Justiça reassumem os cargos neste domingo (8). O afastamento foi pelo período de 30 dias.