A Operação Fake Cloud, deflagrada nesta quinta-feira (23) pelo Ministério Público de Mato Grosso do Sul, prendeu o advogado Nilson dos Santos Pedroso e os empresários Lucas de Andrade Coutinho e George Willian de Oliveira. A ação investiga esquema de fraude em contratações públicas no município de Itaporã.
Nilson Pedroso foi gerente municipal de aquisições governamentais – cargo equivalente a diretor de compras – na administração do ex-prefeito Marcos Pacco (2016-2024). Atualmente é secretário municipal de Governo e Gestão Estratégica em Corumbá, onde foi preso.
Lucas de Andrade Coutinho é conhecido por suposto envolvimento em esquemas fraudulentos em conluio com servidores públicos. Ele já havia sido preso duas vezes, em 2023 e 2024, no âmbito da Operação Turn Off, que investigou esquema de desvios de R$ 68 milhões dos cofres estaduais. Já George Willian de Oliveira, preso ontem em Campo Grande, é dono de empresa de tecnologia implicada no suposto esquema em Itaporã.
Além dos três presos, a Operação Fake Cloud cumpriu mandados de busca e apreensão contra o ex-secretário de Finanças de Itaporã,Paulo Henrique de Souza, e contra Gabriel Cordeiro Spontoni e Miguel dos Santos Andrade.
Lucas Coutinho
O empresário foi preso pela primeira vez por comandar, segundo as investigações, a quadrilha que desviava dinheiro da Saúde e da Educação. Ele atuava como líder do esquema ao lado do irmão, Sérgio Duarte Coutinho Júnior. Ambos são acusados de corromper servidores públicos comissionados para lucrar sobre contratos com o Governo de Mato Grosso do Sul que estavam na mira da Turn Off.
Em dezembro de 2023, dois dias após prisão, os irmãos obtiveram a liberdade com a condição de serem monitorados por tornozeleira eletrônica para que cumprissem medidas cautelares diversas da prisão. Lucas e Sérgio voltaram para a cadeia em junho do ano passado, na segunda fase da mesma operação.
A suspeita era de ocultação de bens. Ou seja, a dupla continuou cometendo crimes, segundo o Ministério Público, em “total afronta” à Justiça. “A prisão preventiva foi substituída por medidas cautelares, com vistas, inclusive, a inibir novas práticas delitivas. Entretanto, em total afronta e reiteração criminosa, continuaram a praticar novos crimes, principalmente o de lavagem de dinheiro, sendo identificada a atual ocultação de bens obtidos ilicitamente em valores que ultrapassam 10 milhões de reais", registrou o MP em nota naquele dia 6 de junho.
No dia 12 de maio deste ano, Lucas, que já havia sido solto e se livrado do monitoramento eletrônico, voltou a usar tornozeleira.
Nilson dos Santos Pedroso também já havia sido citado na Turn Off. Segundo o MP, o advogado teria mantido conversas com Lucas Coutinho sobre suposto pagamento de propina em razão de fraudes em processos licitatórios.
Fake Cloud
A operação de ontem mira grupo suspeito de fraudar sistematicamente processos de licitação em Itaporã. São apurados os crimes de organização criminosa, fraude em contratações públicas e corrupção.
O Gecoc Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção, braço do MP) constatou a existência de grupo criminoso estruturado que fraudava processos de contratações públicas por dispensa de licitação, voltados ao fornecimento de licença de sistemas de backup de dados em armazenamento em nuvem para o Poder Executivo Municipal de Itaporã desde 2022.
Após negociações ilícitas dos empresários com agentes públicos, diversos processos foram simulados e direcionados para beneficiar determinada empresa, mediante propostas fictícias e exigências técnicas previamente elaboradas para restringir a concorrência.
Em nota oficial, a Prefeitura de Itaporã informou que a operação refere-se exclusivamente a procedimentos administrativos ocorridos durante a gestão municipal de 2021 a 2024, especificamente vinculados ao Processo Licitatório nº 183/2022, cuja vigência encerrou-se integralmente no referido período.
“A atual administração, sob a gestão do prefeito Tiago Carbonaro desde 1º de janeiro de 2025, não possui qualquer vínculo, envolvimento ou responsabilidade sobre os contratos, atos ou decisões mencionados na investigação. Todos os fatos apurados antecedem completamente o atual mandato e não guardam qualquer relação com a presente gestão”, diz a nota.