O presidente Jair Bolsonaro (PL) recuou e, agora, admitiu, nesta terça-feira (14), o nome da deputada federal Tereza Cristina (PP), para ser candidata à vice-presidente nas eleições deste ano. Ela pode substituir o ex-ministro da Defesa, general Braga Neto, e abandonar o palanque do PSDB em Mato Grosso do Sul, enfraquecendo ainda mais a campanha a governador do ex-secretário estadual de Infraestrutura, Eduardo Riedel.
Dois fatores levaram os aliados de Bolsonaro a insistir no nome da ex-ministra da Agricultura e Pecuária. O primeiro é que o presidente estagnou nas pesquisas. O segundo é o índice baixo de apoio entre as mulheres.
Durante entrevista no Palácio do Planalto, ontem, Bolsonaro reafirmou que prefere o general. “Um nome que é palatável, é um nome de consenso, que sabe conversar com o Parlamento. É um colega meu da Academia Militar, um ano mais novo que eu. Ele pode ser o vice”, disse. No entanto, ponderou. “Alguns querem a Tereza Cristina, um excelente nome também. Mas isso vai ser definido mais tarde”, frisou.
Nome de Tereza chegou a ser descartada pelo próprio Bolsonaro. Durante entrevista, ele disse que a ex-ministra será candidata ao Senado e voltaria ao comando do Ministério da Agricultura caso ele seja reeleito. A declaração fez subir a importância do suplente da deputada federal, porque poderá ter quatro anos de mandato garantido no Senado.
O presidente da República teme Tereza companheira de chapa. A deputada integra o Centrão, o temível grupo que comanda o Congresso Nacional e poderia, na avaliação de Bolsonaro, dar-lhe um golpe com a aprovação do impeachment e assumindo o comando do País por meio da ex-ministra da Agricultura.
Caso se confirme as articulações, que ganharam força nesta semana, Tereza Cristina pode desfalcar o palanque de Riedel. Ela lidera a disputa para o Senado e poderia ajudar o tucano a crescer nas pesquisas. Enquanto a ex-ministra tem em torno de 28% nas pesquisas, conforme levantamento da Real Time Big Data, divulgada pela TV Record, o candidato a governador de Reinaldo está em 5º, com 8%, atrás de Marquinhos Trad (PSD) com 22%, de André Puccinelli MDB) com 21%, de Rose Modesto (União Brasil) com 15% e do Capitão Contar (PRTB) com 9%.
A situação de Riedel é tão complicada que já pode ser considerado ameaçado pela candidata do PT, advogada Giselle Marques. Neófita na política, ela tem 2%, contra 8% do ex-secretário. Como a margem de erro é de três pontos, ela pode estar com 5%, mesmo percentual do tucano.
O pior cenário para o PSDB é não encontrar um outro nome competitivo para disputar o Senado no caso de Tereza Cristina ser “promovida” a candidata a vice-presidente na chapa de Bolsonaro.
Os conservadores poderão ser representados pelo procurador de Justiça Sérgio Harfouche (Avante), que apoia Rose, e o juiz federal aposentado Odilon de Oliveira (PSD), que está com Marquinhos. O candidato de Lula, o advogado Tiago Botelho (PT), espera conquistar os votos da esquerda.
A menos de quatro meses das eleições, o cenário começa a ser definido. Mato Grosso do Sul conta ainda com a senadora Simone Tebet como candidata a presidente pelo grupo formado pelo MDB, PSDB e Cidadania. A senadora Soraya Thronicke é cotada para ser vice-presidente do deputado federal Luciano Bivar (União Brasil).