Enrolado em um dos maiores escândalos de corrupção, o vereador Claudinho Serra (PSDB) decidiu adotar uma nova estratégia e mirar contra a liberdade de imprensa. O tucano pediu para a Corregedoria do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul apurar o vazamento de “dados sigilosos à imprensa”.
O pedido foi protocolado na segunda-feira (17) pelo advogado Tiago Bunning após a publicação das primeiras revelações da delação premiada do ex-servidor Tiago Basso da Silva, homologada pelo desembargador Paschoal Carmello Leandro, do Tribunal de Justiça, no dia 19 de dezembro do ano passado.
O juiz Fernando Moreira Freitas da Silva, da Vara Criminal de Sidrolândia, levantou o sigilo da delação premiada na sexta-feira (14). No entanto, a defesa de Claudinho alegou que não teve acesso aos três vídeos e tomou conhecimento das revelações por meio da imprensa. Dois sites divulgaram trechos do vídeo no final da tarde.
“Em contrapartida, mais uma vez, a imprensa segue divulgando informações sobre o acordo de colaboração1, inclusive com trechos do vídeo do depoimento do colaborado”, denunciou o defensor.
“O vazamento de informações sigilosas, já comprovado nos autos, e o acesso pela imprensa a informações ainda não disponibilizadas aos advogados é conduta inadmissível em um processo penal”, criticou Bunning. Ele já tinha criticado o vazamento do sequestro de R$ 103 milhões dos réus pelos crimes de peculato, corrupção e organização criminosa.
“Outrossim, requeremos que Vossa Excelência oficie a Corregedoria-Geral do TJMS para apurar o vazamento de dados sigilosos a imprensa”, pediu a defesa de Claudinho.
Conforme o delator, o vereador instituiu a propina de 10% em todos os contratos quando assumiu o cargo de secretário municipal de Fazenda em Sidrolândia, cidade comandada pela sogra Vanda Camilo (PP). Para compensar o esquema criminoso, empresários passaram a cobrar o dobro pela prestação de serviços e fornecimento de produtos para o município.
Claudinho chegou a ficar preso por 23 dias e deixou a prisão mediante o monitoramento com tornozeleira eletrônica. Ele ainda pediu afastamento do mandato de vereador por 120 dias.