Renan Oliveira Freitas, o “Saveirão”, e Enilton Santana foram presos junto com o “01” da organização
Renan Oliveira Freitas, 31, o “Saveirão”, e Enilton Santana, 54, o “Farinha”, foram os outros dois presos no âmbito da Operação Akã, deflagrada terça-feira (19) pela Polícia Federal e pela PRF (Polícia Rodoviária Federal) em Dourados e Douradina.
Além deles, foi preso o “01” da organização, Izael de Souza Junior, 35, o “Cabeça”, apontado como o chefe do esquema que enviava grandes cargas de cocaína para São Paulo e Rio de Janeiro. A droga vinha do Paraguai e ficava armazenada em Dourados, onde era escondida em caminhões, principalmente de transporte de carne.
Conforme dados obtidos pelo Campo Grande News, “Saveirão” é acusado de ser o responsável em contratar os motoristas que levavam a droga escondida em cargas lícitas. Já Enilton Santana cuidava dos galpões onde a cocaína ficava armazenada em Dourados até ser colocada nos caminhões.
Assim como “Cabeça”, os dois tiveram a prisão temporária decretada pela Justiça estadual e capturados na terça-feira. No mesmo dia, seis mandados de busca e apreensão foram cumpridos em Dourados e Douradina, onde o alvo foi o ex-vereador Márcio Luiz Freire, 46.
Segundo as investigações, Márcio Freire, que é filho do ex-prefeito de Douradina Saul Freire (morto em setembro de 2020), seria “laranja” de Izael de Souza Junior, aparecendo como dono dos caminhões usados no tráfico.
Além do caminhão frigorífico que levava 493 quilos de cocaína, apreendidos pela PRF no dia 16 de setembro do ano passado, a investigação revelou diversos outros veículos supostamente usados no tráfico que estiveram, por algum momento, em nome da empresa MLF Transporte Ltda., registrada em nome de Márcio Luiz Freire.
Vereador de Douradina de 2005 a 2008, Márcio Luiz Freire foi condenado no dia 9 de maio deste ano a 6 anos e 9 meses de reclusão por envolvimento com a cocaína encontrada no caminhão registrado em nome de sua empresa.
Apesar de a sentença determinar regime fechado, Freire segue em liberdade enquanto aguarda recurso contra condenação. A defesa alega falta de provas de seu envolvimento com o tráfico.
Condenado a 13 anos e 10 meses de reclusão em regime inicialmente fechado, o motorista do caminhão, Juarez Barbosa Ribeiro, 46, segue preso na PED (Penitenciária Estadual de Dourados).
Em depoimento à Polícia Federal, Juarez disse que sequer conhecia Márcio Freire como dono do caminhão. A quebra de sigilo dos celulares apreendidos com ele revelou que as tratativas eram feitas diretamente com o “patrão”, Izael de Souza Junior.
Entretanto, na fase processual, Juarez mudou a versão e disse que trabalhava há poucos meses para Márcio Freire e que mantinha pouco contato com ele, já que tratava dos fretes diretamente com a transportadora.
O caminhoneiro confessou que levava a cocaína escondida na carga de carne congelada até o interior de São Paulo. Disse que o primeiro contato sobre o negócio foi feito pelo vizinho de sua namorada, conhecido como “Saveirão”, morador na Rua Pureza Carneiro Alves, no Jardim Água Boa, em Dourados.
Juarez contou que após carregar a carne na indústria localizada na BR-163, deixou o caminhão com a chave no contato em um posto de combustíveis na mesma rodovia. Cerca de uma hora depois, pegou o caminhão de volta, já com a cocaína escondida entre as caixas de carne, e seguiu viagem, mas foi parado pela PRF logo em seguida.
O caminhoneiro alegou que era a primeira vez que levava cocaína no caminhão. Entretanto, as investigações revelaram envolvimento dele em várias outras remessas, uma delas feita na semana anterior à prisão.
A Polícia Federal continua investigando o caso. Pelo menos outras dez pessoas que mantinham ligação com a organização comandada por “Cabeça” já identificadas são alvos das investigações.