A PF (Polícia Federal) cumpre nesta quinta-feira (9), dois mandados de prisão na investigação da morte da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, um deles, no Presídio Federal de Campo Grande, contra o policial militar Ronald Paulo Alves Pereira, o major Ronald, apontado como ex-chefe da milícia da Muzena, na zona oeste do Rio de Janeiro.
O outro mandado foi cumprido contra Robson Calixto da Fonseca, conhecido como “Peixe”, ex-assessor de conselheiro do TCE-RJ (Tribunal de Contas do Estado), Domingos Brazão. Ele foi preso no Rio de Janeiro e passará por audiência de custódia.
Domingos Brazão e o irmão, o deputado federal Chiquinho Brazão (União Brasil – RJ), estão presos desde o dia 24 de março, também investigados na participação da morte de Marielle, Anderson e na tentativa de homicídio de Fernanda Chaves, ex-assessora da vereadora.
Em nota, a PF informou que os mandados foram expedidos pelo STF (Supremo Tribunal Federal), após requerimento da Procuradoria-Geral da República.
Segundo informações do G1 RJ, a PGR denunciou cinco pessoas pelas mortes de Marielle e Anderson, ocorridas em fevereiro de 2018. A peça foi entregue ao ministro do STF, Alexandre de Moraes, no dia 7 de maio.
Foram denunciados os irmãos Brazão, o delegado Rivaldo Barbosa, Robson Calixto e o major Ronald.
No documento, a PGR denuncia os irmãos Brazão como mandantes do homicídio e por integrar uma organização criminosa. Já o delegado Rivaldo Barbosa foi denunciado como mandante também do homicídio.
De acordo com a denúncia, a delação do matador-confesso, Ronnie Lessa, faz todo sentido para implicar os irmãos Brazão no mando da morte da Marielle e Anderson.
A PGR entendeu que pelos intermediários que participaram do crime, pelas circunstâncias, mais a narrativa do colaborador, Lessa se encontrou com os irmãos Brazão. O órgão afirma ainda o ex-PM recebeu dos irmãos a promessa de pagamento pelo assassinato da vereadora.
A denúncia da PGR considera provas decorrentes de dados de movimentação de veículos, monitoramento de telefones e triangulação de sinais de telefonia, além de oitivas de dezenas de testemunhas.
Para a PGR, toda esta análise investigativa documental mais o histórico político dos irmãos Brazão confere a convicção para a acusação criminal contra os irmãos Brazão e o delegado Rivaldo.
A denúncia aprofunda os interesses econômicos fundiários dos irmãos, as relações deles com as milícias e os atritos com adversários políticos como a vereadora Marielle e seu partido, o Psol.
O contexto da execução de Marielle estaria, segundo a PGR, 100% inserido na obsessão pela exploração imobiliária em áreas dominadas pela milícia. Áreas nas quais os irmãos Brazão se fizeram e se fortaleceram política e financeiramente, de acordo com a conclusão da PGR.
O major Ronald foi preso em 2019 na Operação Os Intocáveis, por suspeita de participação nas mortes de Marielle Franco e de Anderson Gomes. Ele foi condenado por participar do caso que ficou conhecido como Chacina da Via Show. Em 6 de dezembro de 2003, quatro jovens foram brutalmente assassinados na saída de uma festa. Atualmente, está no Presídio Federal de Campo Grande.
Em notas enviadas ao G1, apenas a defesa do major Ronald se manifestou, alegando que foi surpreendida pela denúncia contra ele. “Ressalte-se que, assim que houver maiores informações acerca dos motivos que levaram a tal inusitada situação, posto que esse escritório ainda não teve acesso ao conteúdo do processo, a defesa trará à sociedade as provas que refutam tais infundadas acusações”.