Jéssica Leite Ribeiro, 27 anos, condenada a 17 anos e seis meses de reclusão, por matar o enteado de um ano e meio em 2018 foi encontrada morta na noite desta quarta-feira (6) no Estabelecimento Penal Feminino Carlos Alberto Jonas Giordano, em Corumbá.
Conforme as primeiras informações apuradas sobre o caso, Jéssica teria comentado com companheiras de cela que não aguentava mais a situação e iria colocar fim à própria vida como forma de "alívio". Por volta de 23h10 de ontem, ela foi encontrada enforcada com um lençol amarrado na janela do banheiro da cela.
De acordo com a Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário), Jéssica dividia cela com outras duas internas. Elas relataram que estavam dormindo e quando perceberam, Jéssica já estava morta. A agência informou que vai apurar as circunstâncias do caso.
A progressão de Jéssica Ribeiro para o regime semiaberto estava prevista para junho de 2024. O corpo vai ser encaminhado para velório e enterro em Dourados.
O crime – Jéssica foi denunciada por homicídio qualificado por meio cruel, acusada de ter pisado propositalmente no enteado e ter incentivado a irmã dele, de 3 anos, a apertar a barriga do menino acreditando que ele chorava por estar constipado.
Ainda em 2020, a defesa recorreu ao Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul pedindo novo júri, mas a 1ª Câmara Criminal negou, por unanimidade, a anulação do julgamento por júri popular.
“Não há que se falar em nulidade do julgamento, eis que o dolo é inequívoco”, afirmou a 1ª Câmara Criminal. A decisão de segunda instância recordou que Jéssica tinha colocado o bebê sobre uma bancada para preparar a mamadeira. A criança caiu e começou a chorar.
Jéssica teria ficado irritada e ao perceber que o menino fazia força, acreditando que se encontrava constipado, determinou que a irmã subisse em cima da barriga dele.
“A vítima, obviamente, não cessava o choro, no que a ré ajoelhou-se, apertou com muita força a barriga, flexionou-lhe as pernas, pisou-lhe nas costelas, pedindo, a todo tempo, para a menina apertar a barriga do irmão. A criança, já no colo da ré, suspirou e morreu”, afirmou o Tribunal. “Se comprovou que o meio impingido prolongou em demasia o sofrimento da criança, além de ter exposto sua irmã a uma cena de horror inesquecível”.
Pai da criança – O então companheiro de Jéssica e pai do menino, o também lutador de MMA Joel Rodrigo Ávalo dos Santos, 30, o “Joel Tigre”, também foi denunciado pelo crime e passou um ano e sete meses no presídio.
No julgamento, no entanto, ele foi condenado apenas por homicídio culposo (quando não há intenção de matar), por omissão e negligência, pois deixava a criança aos cuidados da mulher mesmo sabendo das agressões. Como há havia cumprido a pena de um ano e 15 dias, foi solto logo após o júri.
O bebê morreu na casa onde Joel morava com Jéssica, na Rua Presidente Kennedy, no Jardim Márcia, região leste de Dourados. A mãe da criança tinha a guarda dos filhos, mas havia deixado o menino e a irmã maior com o pai.
Além dos hematomas na cabeça, constatados por socorristas do Samu (Serviço Móvel de Urgência), a criança teve trauma no tórax e laceração no fígado, que comprovaram as agressões. A causa da morte foi choque hemorrágico provocado por agressão externa.