Deflagrada nesta quinta-feira (8) pela Polícia Federal e pela Receita Federal, a Operação Tiradentes investiga crimes corrupção passiva e lavagem de capitais supostamente praticados pelo desembargador Divoncir Schreiner Maran, do Tribunal de Justiça do Mato Grosso do Sul.
Policiais federais cumprem nove mandados de busca e apreensão, autorizados pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça), em Campo Grande e Bonito. A decisão ainda determinou a proibição de acesso de Maran às dependências do Tribunal de Justiça, em quaisquer de suas sedes. Ele também está proibido de manter comunicação com funcionários e de utilizar seus serviços, seja diretamente ou por interposta pessoa, sob pena de decretação da prisão preventiva.
As investigações, que contaram com o apoio da Receita Federal, tiveram início a partir dos desdobramentos de decisão monocrática proferida pelo desembargador, que concedeu habeas corpus, prisão domiciliar condicionada à monitoração eletrônica do narcotraficante Gerson Palermo, condenado a 126 anos de prisão.
Vinculado à facção criminosa, Palermo ostenta vasto histórico de envolvimento em crimes de tráfico internacional de drogas, lavagem de capitais e organização criminosa.
Embora decisão tenha sido revogada no dia seguinte por outro desembargador, o traficante já havia rompido a tornozeleira eletrônica e fugido. Até hoje ele não foi recapturado.
Os crimes investigados são de corrupção passiva e lavagem de capitais, além de outros que possam restar evidenciados ao longo da apuração. As investigações seguem em segredo de justiça no âmbito do STJ.
De acordo com as investigações da Receita, indivíduo de alta periculosidade, com vasto envolvimento em crimes como tráfico de drogas, lavagem de capitais e organização criminosa, foi beneficiado por decisão proferida liminarmente, durante período do feriado nacional. Mesmo com extensa ficha criminal, a decisão do magistrado [o desembargador Divoncir Maran] foi pela prisão domiciliar, com o uso de tornozeleira eletrônica.
“Considerando uma possível conduta criminosa, as investigações foram ampliadas, chegando a novos suspeitos, os quais apresentaram indícios de participarem em ações na tentativa de ocultar ou elucidar uma eventual confusão patrimonial”, afirma a Receita.