Foi encerrado por volta de 15h desta quarta-feira (31) o bloqueio do anel viário de Dourados. A rodovia, que desvia o tráfego de caminhões do perímetro urbano, foi interditada por indígenas após morador da comunidade morrer atropelado por uma caminhonete Toyota Hilux, ontem de manhã.
O corpo de Catalino Gomes Lopes, 49, foi velado durante todo o dia no meio da pista, bloqueada por galhos de árvores. Os indígenas cobraram instalação de redutores de velocidade e ameaçavam fazer o sepultamento na estrada se não fossem atendidos.
Nesta tarde, com escolta da Polícia Militar, o gerente do Detran-MS (Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso do Sul) em Dourados foi ao local para conversar com os líderes do protesto.
Ele levou documento assinado pelo diretor-presidente do órgão, Rudel Trindade Junior, em que se compromete a instalar equipamento de controle de velocidade no trecho, com anuência da Agesul (Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos de MS). Segundo o documento, as tratativas para início da implantação estão ocorrendo “de forma imediata”.
Após os dois lados assinarem o documento, a estrada foi liberada. Os galhos foram retirados pelos próprios indígenas, com ajuda de policiais militares. Representantes da Funai também participaram da negociação.
Ameaça de linchamento
Ontem logo após o atropelamento, indígenas que moram em acampamentos em áreas de retomada na margem do anel viário, ameaçaram linchar os quatro ocupantes da caminhonete. Foi preciso o Corpo de Bombeiros escoltar os homens até o quartel em Dourados.
Depois, os manifestantes tentaram impedir a perícia da Polícia Civil, ameaçaram colocar fogo na Hilux e atiraram pedras na viatura da PM. Os policiais tiveram de usar “balas de borracha” e bombas de gás para controlar a situação.
“Apesar dos ânimos acirrados no primeiro momento da ocorrência e da necessidade da ação policial, não houve feridos pelo local sendo que a negociação posterior ocorreu de forma pacífica e contou com a presença da Força Nacional”, informou o comando do 3º Batalhão da PM em Dourados.
“Esse protesto é inédito na história dos povos indígenas de Dourados por causa de tanta violação e tanta negação dos nossos diretos. As autoridades não dão a mínima atenção para o povo originário. Falta água, falta alimento, falta terra e agora os acidentes constantes com mortes de indígenas”, afirmou porta-voz dos manifestantes, durante o bloqueio, hoje de manhã.
Conforme boletim de ocorrência registrado na Polícia Civil, o motorista da Hilux passou por teste de bafômetro feito pela Polícia Militar Rodoviária e o resultado foi negativo.