A Justiça de Mato Grosso do Sul concedeu, no início da noite desta terça-feira (23), liberdade provisória mediante pagamento de fiança no valor de R$ 30 mil, ao ex-vereador Valter Brito da Silva, preso em flagrante por receptação de uma motoniveladora roubada. A prisão foi feita por policiais da Defron (Delegacia Especializada de Repressão a Crimes de Fronteira), segunda-feira (22), em Amambai.
Durante audiência de custódia, a Justiça também arbitrou liberdade provisória a outros dois presos pelo mesmo crime: José de Brito Junior, irmão de Valter, e Sergio Aparecido Bezerra, sócio da dupla. Brito Junior e Sergio Bezerra já vinham sendo investigados por receptação de máquinas roubadas.
Segundo a defesa de Valter, a máquina apreendida pela Defron estava no pátio da construtora dele estava sendo negociada e estava no local para ser testada. Valter teria sido vítima de estelionato, conforme argumenta seu defensor.
"Ele vai responder ao processo em liberdade e foi vítima de uma tentativa de estelionato, à qual ele nunca se envolveu. Iremos provar que ele foi vítima de tudo isso", disse o advogado Ricardo Pereira.
O caso
Equipes da Defron faziam diligências em Amambai quando foram acionadas por policiais da 3ª Delegacia de Polícia de Três Lagoas sobre a motoniveladora furtada na cidade de Dr. Ulisses (PR), no dia 15 deste mês. A máquina estaria escondida na margem da MS-156.
Os policiais foram até o local e encontraram a motoniveladora no interior da empresa de construção. Três homens se apresentaram como proprietários da motoniveladora – Valter, o irmão dele e Sergio.
Os policiais constataram que a máquina era a mesma furtada no Paraná e possuía indícios de adulteração. Os três foram presos e conduzidos para a sede da Defron em Dourados. Autuados em flagrante por receptação, foram encaminhados para a Delegacia de Polícia em Amambai e ontem colocados em liberdade após pagamento de fiança.
Vereador por quatro mandatos, vice-prefeito por um mandato e presidente da Câmara de Amambai, Valter Brito, empresários e servidores do município foram presos no dia 16 de novembro do ano passado pelo Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção) e pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) acusados de integrar esquema milionário corrupção através de fraude em licitações.
No mês seguinte, ele e outras 16 pessoas foram denunciados pelo Ministério Público pelo suposto esquema, acusados de receber R$ 2,7 milhões em propinas.
Entre os acusados estão vários familiares do ex-vereador. Valter Brito ficou encarcerado até sofrer princípio de infarto em dezembro e depois foi beneficiado por prisão domiciliar. Em março deste ano, renunciou ao mandato na Câmara.
No dia 4 deste mês, a 3ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul decidiu, por 2 a 1, suspender a Operação Laços Ocultos por considerar o juiz de Amambai Daniel Raymundo Matta incompetente para julgar o caso. Uma semana depois, o desembargador Luiz Cláudio Bonassini da Silva revogou a prisão domiciliar de Valter e suspendeu todas as demais medidas cautelares impostas aos outros investigados. (Do Campo Grande News)