Chefe do esquema identificado como Gilson Lino foi preso; também investigado, empresário Licio Dávalos foi preso por porte de armas
A empresária Thais Lopes Pierote, dona de loja de roupas em Ivinhema, é um dos alvos da Operação Colheita Fantasma, deflagrada nesta quarta-feira (30) pelo Dracco (Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado) em conjunto com a Secretaria Estadual de Fazenda e Receita Federal do Brasil.
O objetivo é desarticular organização criminosa especializada em fraude fiscal e lavagem de dinheiro, responsável pela emissão de notas fiscais eletrônicas sem a efetiva circulação de mercadorias, simulando transações interestaduais de grãos para gerar créditos tributários fraudulentos.
Equipes policiais estiveram na casa da empresária, localizada em uma chácara perto do centro urbano de Ivinhema. Uma caminhonete Amarok preta foi apreendida no local.
Além de Ivinhema, mandados de busca e apreensão foram cumpridos em Campo Grande. Homem identificado como Gilson Lino, apontado como coordenador do esquema, foi preso por ordem judicial. Outro investigado, o empresário Licio Dávalos, foi preso em flagrante por posse ilegal de armas. No endereço dele em Campo Grande, os policiais do Dracco encontraram dois revólveres, uma pistola e munições.
De acordo com o Dracco, as investigações revelaram que diversas empresas, controladas de forma oculta pelo mesmo grupo, movimentaram pelo menos R$ 1 bilhão em operações fictícias de 2020 até agora, gerando suposto crédito tributário indevido de pouco mais R$ 100 milhões, além de possíveis danos tributários em âmbito federal.
O nome da operação (Colheita Fantasma) reflete à principal fraude constatada: produção agrícola fictícia, restrita apenas a documentos, sem lastro em mercadoria real.
Além dos mandados de busca e apreensão cumpridos em Campo Grande e Ivinhema e do mandado de prisão temporária de Gilson Lino, a Justiça determinou o sequestro de bens, incluindo bloqueio de contas bancárias na ordem de R$ 20 milhões.
Ainda segundo a polícia, a organização criminosa operava com sucessivas empresas de fachada, registradas em nome de “laranjas”. Essas empresas simulavam a venda de grãos para outras unidades da Federação, gerando créditos de ICMS fraudulentos que eram posteriormente utilizados ou revendidos no mercado.
Mesmo após o bloqueio de atividades de algumas empresas inicialmente identificadas, os investigados continuaram a atuar por meio da criação de novas pessoas jurídicas, mantendo o esquema criminoso em atividade.