O empresário douradense Marcos Walevein, 47, operador no mercado de criptomoedas preso ontem (25) no âmbito da Operação Intruso, da Polícia Civil, movimentou quase R$ 22 milhões através de uma de suas empresas, a Walevein Gomes Ltda. Ele é suspeito de lavar dinheiro do narcotráfico através da compra e venda de moedas digitais.
Dono de outra empresa, a Waletech Informática (com sede no mesmo endereço da Walevein Gomes Ltda., na Rua Major Capilé), Marcos Walevein é apontado como integrante de organização criminosa com atuação em vários estados brasileiros (principalmente no Nordeste) e com ramificações em países produtores de cocaína e maconha.
Segundo a polícia de Pernambuco, onde as investigações começaram há dois anos, o chefe da quadrilha é Mauro Sérgio de Souza Feitosa, o “Maurinho”, atualmente recolhido da Penitenciária Federal em Campo Grande.
Ontem, foram cumpridos mandados de prisão e de busca e apreensão contra o núcleo da organização voltado à lavagem de dinheiro, do qual o douradense é acusado de fazer parte. Marcos foi preso em sua casa no Jardim Aline (região norte de Dourados) e continua em uma cela da 1ª Delegacia de Polícia.
A casa dele, a sede das empresas e outro imóvel ligado à esposa de Marcos, localizado na Rua Ciro Melo no Jardim Paulista, também foram vasculhados. Computadores, duas pistolas registradas, um cofre, um SUV da Toyota e pelo menos R$ 300 mil em espécie foram apreendidos.
Movimentação milionária – O inquérito conduzido pela polícia pernambucana começou após a quebra de sigilos bancário e fiscal de Mauro Feitosa, o líder do grupo. Dados fornecidos pelo antigo Coaf (Conselho de Controle de Atividade Financeira) revelaram transações suspeitas nos quatro cantos do Brasil, em países vizinhos da América do Sul e com empresas supostamente de fachada, uma delas a Walevein e Gomes Ltda.
“São transações envolvendo estrangeiros de país produtor de cocaína, pessoas com antecedentes por tráfico e outros crimes, empresas aparentemente de fachada”, afirmou o juiz Lucas Tavares Coutinho, da 4ª Vara Criminal de Recife (PE), no despacho em que determinou a prisão de Marcos Walevein e as buscas nos três endereços ligados a ele em Dourados.
Conforme o documento ao qual o Campo Grande News teve acesso, Marcos Walevein e outras pessoas investigadas receberam remessas financeiras de traficantes de drogas de Pernambuco e Sergipe, bem como de criminosos e visitantes de presos em vários estados brasileiros.
“O recebimento de valores oriundos de membros da organização através de operações bancárias por parte de Walevein e Gomes aparentemente ocorreu sem justificativa econômica, o que pode indicar remessa de dinheiro ilícito com o nítido objetivo de branqueamento [lavagem] de capitais”, afirma o juiz pernambucano.
A polícia destaca também a remessa de valores por parte de Marcos Walevein (pessoa física) e da Walevein e Gomes Ltda. para empresas de bitcoin, para contas de estrangeiros e para pessoas jurídicas de vários estados, “muitas delas contumazes em investigações financeiras”.
Relatórios de movimentações financeiras dos investigados, anexados ao pedido de prisão, mostram que a empresa de Marcos Walevein recebeu créditos de R$ 21.968.225,83 e teve débitos de R$ 21.962.531,69. O período em que esses valores foram movimentados não é citado nos documentos obtidos pela reportagem. O processo está em segredo de justiça.
Fonte: Campo Grande News