Acusado de enganar clientes e de falsificar assinatura para fazer empréstimo em nome de pessoas mortas e em estado vegetativo, o advogado Daniel Fernando Nardon, 46, foi levado na noite desta quinta-feira (15), de avião, para Porto Alegre (RS). Ele foi capturado na base da Polícia Rodoviária Federal na BR-163, na entrada de Dourados, através de trabalho conjunto da PRF com a Polícia Civil do Rio Grande do Sul.
Nardon viajava de carro com um amigo e disse que vinha de Mato Grosso. A suspeita é de que ele seguia em direção ao território paraguaio, para fugir. Após a prisão, foi levado para a Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) e o amigo dele liberado.
À noite, o advogado foi escoltado pela PRF até o Aeroporto Francisco de Matos Pereira e embarcado no avião da Polícia Civil do Rio Grande do Sul que veio a Dourados só para buscá-lo.
Daniel Nardon é um dos alvos da Operação Malus Doctor, deflagrada no dia 7 deste mês pela Polícia Civil gaúcha contra 14 pessoas, sendo 9 advogados. O esquema é chamado pela polícia de “advocacia predatória” e pode ter causado prejuízo de 50 milhões.
No início desta semana, quando o advogado já era considerado foragido, a 1ª Vara Regional de Garantias de Porto Alegre (RS) determinou a apreensão do passaporte dele.
A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) determinou a suspensão cautelar do direito de Nardon exercer a profissão, “de forma preventiva em razão da gravidade dos fatos apurados, além de resguardar a integridade da advocacia e os interesses da sociedade”.
Conforme a polícia, Daniel Nardon teria ingressado com ações na Justiça contra instituição bancária para revisão de contrato, supostamente utilizando procuração assinada por cliente morto dois meses antes. Ele alegou que não tinha conhecimento da morte do cliente.
Durante as investigações, os policiais descobriram vários outros processos semelhantes, todos na comarca de Porto Alegre. Ainda segundo a polícia, ele chegou a ajuizar 581 processos em um único dia. No total, a polícia identificou 145 mil ações no Rio Grande do Sul e 30 mil em São Paulo. Essa prática é chamada de “advocacia predatória”.