A ministra dos Povos Indígenas Sonia Guajajara chegou por volta de 10h20 desta terça-feira (6) à “retomada Yvy Ajhere”, no município de Douradina. A área é uma das sete ocupadas nas últimas três semanas e palco de confrontos entre indígenas guarani-kaiowá com sitiantes e seguranças. O saldo até agora é de pelo menos 11 membros da comunidade feridos por tiros de borracha e munição letal.
Acompanhada do secretário-executivo do ministério, Eloy Terena, da deputada federal Célia Xacriabá (Psol-MG) e da presidente da Funai Joênia Wapichana, a ministra foi recebida com a cerimônia tradicional dos guarani-kaiowá dispensada a visitantes.
Forte esquema de segurança formado por equipes da Força Nacional e da PRF (Polícia Rodoviária Federal) acompanha a delegação. Produtores rurais acampados na mesma área ocupada pelos indígenas observam de longe. Não houve incidentes.
“Estamos aqui para prestar solidariedade, trazer a presença do Estado Brasileiro e apoio a esse povo que está aqui acampado, lutando pelo seu direito territorial. Precisamos destravar o processo dessa área que já está com relatório concluído e publicado pela Funai, mas que está paralisado por liminar judicial”, afirmou Sonia Guajajara.
Os indígenas que ocupam propriedades em Douradina lutam pela demarcação do Território Panambi Lagoa Rica, de 12,1 mil hectares, identificado em 2011. Produtores rurais afetados pelo processo de demarcação afirmam que suas famílias estão nessas terras há 50 anos e possuem documentos comprovando serem os legítimos proprietários.
“Este governo tem compromisso de avançar com os processos demarcatórios. Viemos aqui para ouvir o povo guarani-kaiowá e levar, tanto para o governo federal quanto para o Supremo Tribunal Federal, para que juntos a gente possa dar celeridade a esse processo. Não é possível mais conviver com esses conflitos e risco de morte diariamente, com situação de insegurança permanente. Queremos garantir a segurança e a proteção dos povos originários em suas áreas”, disse a ministra ao chegar ao local.
Após a visita à comunidade, Sonia Guajajara e os demais representantes dos povos indígenas seguem para Dourados, onde mantêm reuniões com MPF (Ministério Público Federal), DPU (Defensoria Pública da União), DPE (Defensoria Pública do Estado), com a Polícia Federal, PRF e Força Nacional. No fim da tarde, ela retorna a Campo Grande, onde tem agenda prevista com o governador Eduardo Riedel.