O retorno do PT ao poder no Brasil fez crescer a pressão dos movimentos sociais pela reforma agrária. Em Mato Grosso do Sul, o número de famílias que reivindicam terras para produzir tem aumentando diariamente nos acampamentos que já existem.
Conforme o MST (Movimento Sem-Terra), a adesão de novos integrantes acontece de maneira orgânica e espontânea. “Antes tinha muita rejeição aos acampados da reforma agrária por conta das ameaças dos ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), mas com esse governo a procura de pessoas pedindo moradia digna é muito grande”, afirma o diretor estadual do movimento, Douglas Cavalheiro, 42 anos.
Segundo ele, o grupo que luta pela reforma agrária não precisa mais fazer trabalho de base para aglutinar. “O movimento está aumentando, porque eles estão se organizando e procurando a gente. A gente recebe todos”, acrescentou.
Nas margens da rodovia MS-164, o Acampamento Alexandre Sabala, localizado nas imediações do Assentamento Itamaraty, em Ponta Porã tem aumentado em número de barracos com as novas famílias.
Acampamento do MST Alexandre Sabala tem recebido novos moradores desde o começo do ano. (Foto: Lucimar Couto)
“São pessoas que não conseguem mais pagar aluguel, que querem lutar para ter dignidade. Só ali temos mais de mil inscritos”, disse Douglas. Além do acampamento na fronteira, outros menores estão espalhadas pelo Estado.
De acordo com o superintendente do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), em Mato Grosso do Sul, Paulo Roberto da Silva, o Estado possui cerca de 20 acampamentos que reivindicam a reforma agrária, com aproximadamente 4 mil famílias em barracos.
“Estamos refazendo o recadastramento. Esse censo deve ser concluído até setembro. Mas visivelmente parece que o número de acampados tem aumentado. Só vamos poder confirmar após levantar os dados”.
Um levantamento prévio será apresentado ao ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira. Ele virá ao Estado nos dias 24 e 25, com previsão de visitar o Assentamento Itamaraty em Ponta Porã e cumprir agenda na Capital, em parceria com o governo do Estado.
“Estamos analisando 40 áreas que podem ser utilizadas para fazer a reforma agrária até o final do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva”, acrescentou.
No Estado existem 192 assentamentos, onde moram 29,6 mil famílias. Neste momento um assentamento em Anaurilândia está em processo de implantação.