Quando Mato Grosso do Sul foi elevado à condição de unidade da federação, já estava lançado o desafio de crescimento econômico sem a dependência da agricultura e da pecuária. O jargão “fugir do binômio soja boi” ainda domina as campanhas para os cargos do executivo estadual, 46 anos depois da divisão política do Mato Grosso, mas o caminho é longo.
Hoje, a soja é responsável por 42% do desempenho da balança comercial local, e a carne por 8,2%, conforme dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços.
Soja e boi, contudo, já ocuparam mais destaque, representando respectivamente 20,46% e 20,63% da economia local, em 2005. Hoje, conforme o secretário executivo estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação, Ricardo Senna, o Estado está “diversificando a matriz econômica. Agora, não somente o binômio soja-boi, mas outros grãos, mineração, energias renováveis, florestas plantadas, celulose, bioenergia, suinocultura, avicultura, piscicultura e outras cadeias produtivas se fortalecendo e se tornando competitivas internacionalmente”.
Nas quase cinco décadas de existência, Mato Grosso do Sul passou a disputar mercado apostando na diversificação de produtos e capacitação de pessoal. “A competitividade internacional passa por investimentos em capital, infraestrutura, por exemplo, daí os investimentos em portos, rodovias, na Rota Bioceânica, na concessão do saneamento e outros”, afirma Ricardo Senna.
Houve, contudo, queda na competitividade do Estado, que chegou a ocupar a quinta posição em 2016, chegou à sétima em 2022, e caiu para nona em 2023.
Os dados são medidos pelo Centro de Liderança Pública, com avaliação centrada em dez pilares temáticos (infraestrutura, sustentabilidade social, segurança pública, Educação, solidez fiscal, eficiência da máquina pública, capital humano, sustentabilidade ambiental, potencial de mercado e inovação). Entre os dados, há o destaque para o pilar capital humano, em que Mato Grosso do Sul subiu 14 posições, chegando à terceira posição, em 2023, na comparação com 2022.
Ricardo Senna enfatiza como imprescindível a formação de recursos humanos. “Destaco algumas ações, como o apoio a todos os programas de pós-graduação do Estado, o programa de iniciação científica para alunos do Ensino Médio, a concessão de bolsas de estudo (somos o 1º do País em concessão de bolsas de doutorado, por exemplo), apoio a startups (inclusive para internacionalização), parcerias com o Sistema S para capacitação e qualificação de trabalhadores e com o Sebrae no Programa Cidade Empreendedora visando aumentar a competitividade dos municípios, dentre outras ações”.
Como forma de caber em um mundo cada vez mais sustentável, o Estado está investindo na bandeira da conservação e inovação. “A Secretaria Executiva de Ciência, Tecnologia e Inovação, ligada à Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), vai trabalhar com o Programa Estadual de CT&I, cujos principais projetos serão nas seguintes áreas: bioeconomia, produção sustentável e inovadora, transições disruptivas e sustentáveis, ciência cidadã e empreendedora, ecoinovação, conectividade e ambientes de inovação”, explica Ricardo Senna.
O editor executivo da Semadesc revela, ainda, a existência de trabalho específico para compreender os entraves no crescimento estadual. “A ideia é fomentar e apoiar projetos nessas áreas por meio dos instrumentos já conhecidos como os editais, as chamadas públicas e as encomendas tecnológicas. A proposta é que possamos colocar uma lupa sobre os principais problemas que atrapalham os setores estratégicos e usarmos o fomento para superar esses desafios de forma rápida”. As ações são desenvolvidas, inclusive, com apoio à formação de mão de obra, missões técnicas nacionais e internacionais, tanto para empresários, como para gestores públicos e comunidade científica”.