O indígena Vitorino Sanches, 60, foi alvo de atentado a tiros nesta segunda-feira (1º) em Amambai. Pelo menos 15 tiros de pistola foram disparados em direção à caminhonete dele, uma Toyota Hilux preta.
Vitorino foi atingido no braço esquerdo e na perna e levado para o Hospital Regional de Amambai, onde permanece internado, mas fora de perigo. Ex-candidato a vereador, Vitorino é comerciante na aldeia.
Embora ainda não esclarecido, o atentado é mais um capítulo do clima de guerra instalado em Amambai após a ocupação da Fazenda Borda da Mata, onde o indígena Vito Fernandes, 42, foi morto por policiais do Batalhão de Choque da PM, no dia 24 de junho.
A entidade de luta pela causa indígena Aty Guasu classificou o atentado contra Vitorino Sanches como genocídio e terrorismo contra o povo guarani-kaiowa.
Segundo a Aty Guasu, Votorino foi alvejado na entrada da “Aldeia Guapo’y Amambai”. “Pedimos justiça, segurança e investigação federal com urgência. Chega de matar nós Guarani-Kaiowa. Pedimos proteção”, cobrou a entidade em nota divulgada em rede social.
O atentado ocorre um dia após a eleição para escolha de novo capitão (espécie de líder político da aldeia), ocorrida neste domingo (31). A chapa formada pelo líder Arsênio Vasques (capitão) e a professora Lurdelice Moreira Nelson (vice-capitã) foi eleita com 1.040 votos.
A reportagem apurou que existem suspeitas de que o atentado de hoje seja reflexo da disputa interna. O ex-capitão João Gauto, destituído pela comunidade após ser acusado de ter insuflado o confronto de junho, ficou em segundo com 304 votos. O candidato Gabriel Rodrigues teve 69 votos.
A eleição organizada pelo MPF (Ministério Público Federal) ocorreu sob forte segurança da Polícia Federal, que planejou e coordenou as ações para garantir o livre exercício do voto e a segurança das autoridades presentes durante a votação e a contagem dos votos.
Pelo menos 70 agentes da PF, policiais militares e homens da Força Nacional de Segurança Pública participaram do policiamento ostensivo, rondas periódicas, eliminação de obstruções e manifestações, além de controle do fluxo de acesso ao local de votação.
Fonte: Campo Grande News