Duas fazendas seguem invadidas e uma terceira propriedade está cercada por indígenas no município de Antônio João, na fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai. Há 14 dias, policiais militares permanecem na área para evitar confrontos e impedir novas ocupações.
Ao Campo Grande News, o comandante do 4º Batalhão da PM em Ponta Porã, Edson Guardiano, disse hoje (5) que o clima é de tensão, mas, por enquanto, a presença da polícia tem evitado confrontos.
Segundo ele, as fazendas Morro Alto e Fronteira estão ocupadas pelos indígenas. Com escolta da PM, os arrendatários conseguiram sair das áreas levando implementos, insumos agrícolas e outros pertences. Agora, a polícia negocia com as lideranças para permitir a colheita de lavouras de milho.
Nesta semana, os guarani-kaiowá tentaram entrar também na Fazenda Barra, mas a presença da PM impediu a ocupação. Segundo o comandante, a polícia faz o isolamento da propriedade por ordem judicial.
“Recebemos apoio do Comando de Área em Dourados e reforços de outras cidades para reforçar policiamento em Antônio João. Conversamos com ambas as partes e todos [arrendatários] saíram com seus pertences. Os indígenas ocuparam a sede da Fazenda Fronteira, mas sem danificar nada. Entretanto, lavouras no entorno da sede foram queimadas”, afirmou o comandante.
Segundo ele, os indígenas também teriam colocado fogo na ponte da única estrada que liga às propriedades. “Conseguimos apagar o incêndio, os proprietários consertaram a ponte e depois a Agesul reforçou a estrutura. Estamos o tempo todo na área, para manter a paz após as invasões, sem tomar partido”.
Os indígenas lutam pela posse de 9.500 hectares do Tekoha Ñande Ru Marangatu. A disputa pela terra ocorre há quase 25 anos. Palco de vários conflitos até com morte, a área foi demarcada e homologada em 2005, mas a batalha judicial travada pela posse impediu, até agora, que os indígenas tomem posse das terras. As duas fazendas invadidas e a terceira que está cercada pertencem à família do ex-prefeito de Antônio João, Dacio Queiroz Silva.
Crédito: Campo Grande News