Trabalhadores abafaram local e pensaram que problema tinha sido resolvido; cinco estão em estado grave
O incêndio que deixou sete feridos nesta segunda-feira (13) em unidade da cooperativa Coamo em Ponta Porã (a 313 km de Campo Grande), começou pelo menos cinco horas antes da explosão. Cinco vítimas estão em estado gravíssimo, com até 90% do corpo queimado. Todos são indígenas.
Conforme relatos de testemunhas à Polícia Civil, por volta de 5h da madrugada, os trabalhadores perceberam fumaça saindo do secador de grãos. Seguindo protocolo de segurança, abafaram o local e fecharam todas as entradas e saídas, para impedir qualquer possível princípio de fogo.
Os trabalhadores acreditavam que o problema tinha sido resolvido e as atividades continuaram normalmente. Entretanto, por volta de 10h, novamente viram fumaça, dessa vez no galpão que faz a última separação dos resíduos de soja. De acordo com a ocorrência policial, esse galpão tem ligação com o secador, onde a fumaça havia surgido ainda na madrugada.
Diante desse novo foco de fumaça, a chefia da unidade acionou o Corpo de Bombeiros em Ponta Porã e adotou procedimento de molhar o local, para impedir propagação do incêndio.
As testemunhas relataram à Polícia Civil que em determinado momento, os funcionários que jogavam água no galpão foram até o escritório. Em seguida houve a explosão.
Os sete trabalhadores atingidos pelas chamas receberam os primeiros atendimentos ainda na unidade, foram colocados nos veículos disponíveis e levados em direção a Dourados. Perto da entrada da cidade, os feridos foram colocados em ambulâncias do Samu (Serviço Móvel de Urgência) e encaminhados para a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) e para o Hospital da Vida.
Apesar das queimaduras, todos estavam conscientes, segundo relataram as testemunhas à equipe da 2DP (Delegacia de Polícia) de Ponta Porã que foi ao local para registrar a ocorrência e fazer a perícia. Ainda conforme relato dos trabalhadores, só depois o Corpo de Bombeiros chegou ao entreposto, localizado na margem da BR-463.
Ao Campo Grande News, a comandante do 4º Grupamento de Bombeiros em Ponta Porã, tenente-coronel Cláudia Karoline Rodrigues Ribeiro, informou que não houve demora no atendimento e que a equipe chegou no tempo normal devido à distância. O entreposto fica a cerca de 70 km de Ponta Porã.
“O material é altamente inflamável, ocorre propagação muito rápida do fogo”, afirmou. Segundo ela, a unidade tem brigada de incêndio, para dar a primeira resposta antes da chegada dos bombeiros. Ainda hoje, a corporação vai vistoriar o local onde ocorreu o incêndio.
Feridos – Na manhã de hoje, quatro feridos foram transferidos para a Santa Casa em Campo Grande e o quinto vai ser levado às 13h. Dois feridos tiveram alta ainda ontem à noite. Três passaram a noite internados na UPA e dois no Hospital da Vida.
Apenas as identidades dos pacientes que estavam no hospital são conhecidas – Ednei da Silva Marques, 29, com queimadura no rosto e do pescoço para baixo; e Vanildo Gimenes, 20, com queimaduras graves principalmente na região do abdômen e pernas. Segundo a assessoria da Prefeitura de Dourados, os feridos têm quadro grave de queimadura, com até 90% do corpo atingido.
O entreposto de recebimento de grãos da Coamo fica na região do Guaíba, a 50 km de Dourados, já no município de Ponta Porã. Foi inaugurado em fevereiro deste ano.