Seguem presos nove indígenas depois de invadirem terreno onde será construído condomínio de luxo, na região norte de Dourados. Entre eles o ex-candidato a governador de Mato Grosso do Sul Magno Souza (PCO) e os indígenas Adelino de Souza Portilho, Adelio de Souza, Argemiro dos Santos, Cledeildo de Souza, Enivaldo Reginaldo, Rogerio de Souza, Sanches de Souza e Valdemar Vieira, que tiveram a prisão preventiva decretada nesta segunda-feira (10).
Ontem, os presos passaram por audiência de custódia na Justiça Estadual, mas o juiz plantonista Luiz Alberto de Moura Filho encaminhou o caso à Justiça Federal por envolver conflito por terras apontadas como indígenas.
Com exceção de um idoso de 77 anos, liberado após intermediação da Defensoria Pública, os demais foram autuados em flagrante por dano, porte ilegal de arma e associação criminosa. Nesta segunda-feira, outros indígenas do mesmo grupo voltaram a ocupar o terreno, localizado entre o anel viário e a reserva indígena.
Contrariando parecer do MPF (Ministério Público Federal) e da Defensoria Pública da União, o juiz federal Rubens Petrucci Junior, citou a "agressividade na conduta dos presos", necessidade de reforço policial para efetuar as prisões, lembrou das armas apreendidas na área invadida e apontou risco à ordem pública se os indígenas fossem colocados em liberdade. O MPF e a DPU se manifestaram pelo relaxamento das prisões e aplicação de medidas cautelares.
Os indígenas, de acordo com o site Campo Grande News, ocuparam a área na sexta-feira (7). No sábado, após supostas agressões e ameaças contra um caseiro de área vizinha ao terreno, a Tropa de Choque da Polícia Militar foi deslocada de Campo Grande e dez homens foram levados para a Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário).
Em nota enviada pela assessoria de imprensa, a Corpal Incorporadora e Construtora informou que paralisou as obras no terreno no dia 29 de março, após tomar conhecimento da requisição de informações encaminhada pelo Ministério Público Federal.
A empresa promete fazer todos os esclarecimentos necessários ao MPF, mas ressalta que, desde a aquisição da área, todas as ações relacionadas ao terreno “seguem rigorosamente as legislações em vigor” e que possui todas as autorizações e licenças exigidas pelos órgãos responsáveis para a construção do empreendimento.