O acadêmico do terceiro ano de Odontologia, o soldado do Corpo de Bombeiros Carlos Wilson Cardoso Ferreira, de 25 anos, sofreu ataque racista durante uma partida de basquetebol na semana passada, no dia 15 na Unigran. Carlos foi separar uma discussão envolvendo integrante de sua equipe e jogador do time adversário, quando foi chamado de macaco. “Eles começaram a discutir, fui separar os dois e puxei pelo braço o acadêmico da outra equipe que disse: ‘sai daqui macaco’".
De acordo com informações do site Campo Grande News, assustado com o episódio que não imaginaria sofrer numa universidade, Carlos comunicou o fato à equipe de arbitragem e à coordenação do curso. O agressor foi expulso da partida que já estava acabando. O jogo havia sido promovido pelos alunos do curso de Educação Física. “Na hora, fiquei sem reação, mas ao conversar com a coordenação e com os meus pais fui encorajado a procurar a polícia e fazer o boletim de ocorrência", contou. O que foi feito no dia seguinte.
Horas depois, Carlos passou a receber prints em grupo de Whatsapp referente à nota de repúdio que a coordenação do curso havia postado sobre o episódio racista, e novamente foi atacado por outro acadêmico: "O macaco ficou ofendido?", disse outro estudante. “Fiquei mais irritado ainda porque, além de tudo o que havia acontecido, tinha gente zoando da minha cara. Fiz o print e mandei para a universidade tomar providência".
Segundo Carlos, após o fato, foi à universidade no dia seguinte apenas para apresentar um trabalho, mas desde então não foi mais às aulas. “Estou meio abalado, dando um tempo para a minha cabeça. Eu fiquei muito chateado, mas pretendo retornar na próxima semana”, destacou.
O caso foi registrado como injúria racial com pena que varia de 2 a 5 anos de reclusão e multa. Ontem, na sessão da Alems (Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul), o deputado estadual José Orcírio Miranda dos Santos, o Zeca do PT, cobrou providência sobre o fato ocorrido contra o estudante na Unigran.
Em nota divulgada em sua página na internet, a universidade disse que repudia "quaisquer atos de preconceito e discriminação". A reportagem não conseguiu localizar o acadêmico acusado pelo crime.
Providência - Carlos Eduardo, advogado do bombeiro, disse que inicialmente seu cliente registrou o boletim de ocorrência quanto aos fatos ocorridos na universidade, mas depois surgiram novos fatos, referente aos prints no WhatsApp, em que Carlos foi novamente vítima de injúria.
"Fizemos uma complementação do primeiro boletim de ocorrência já lavrado e entregamos ao delegado, tendo em vista que os dois fatos estão relacionados", explicou. O advogado aguarda a distribuição do boletim de ocorrência por parte da delegacia para que seja dado início ao inquérito policial.