O presidente da Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul, Estevão Petrallás, reconheceu uma dívida e parcelou o valor de R$ 128 mil para evitar a proibição de repasses de órgãos públicos à Liga de Futebol Profissional. O acordo foi firmado em ação de cobrança decorrente de processo instaurado pela Controladoria-Geral do Estado em trâmite desde 2017.
A CGE reprovou contas da Liga de Futebol Profissional, então presidida por Petrallás, em convênio com a Fundesporte (Fundação de Desporto e Lazer de MS) no montante de R$ 51.590. O órgão apurou a ocorrência de irregularidades, especialmente a ausência de prestação de contas dos recursos recebidos, conforme determinava o contrato, em montante fixado em R$ 40.878,97.
A Auditoria-Geral do Estado identificou inconsistências significativas na aquisição de gêneros alimentícios no valor de R$ 27.130,00. Embora tenham sido apresentados três orçamentos, os preços contratados superaram a média de mercado, indicando falhas na pesquisa de preços e possível direcionamento na escolha dos fornecedores.
Também foi apontado irregularidades em relação a gastos em restaurante para alimentação fora de Campo Grande sem justificativa, mesma situação encontrada em hospedagens.
Quanto a prestação de serviço de transmissão dos jogos, a Auditoria-Geral do Estado destaca que a nota fiscal apresentada não especifica qual jogo e data foi objeto da transmissão, e a data da nota está fora do período que o convênio objetivava cobrir (05/03/2016 a 27/03/2016). Também não foi apresentada cópia do cheque nominal para pagamento, apenas um “recibo” com data anterior ao período do convênio, e o número do convênio não consta na nota fiscal.
O promotor de Justiça Gevair Ferreira Lima, da 49ª Promotoria de Justiça, havia determinado que os principais órgãos públicos do Estado não efetuassem qualquer repasse financeiro para à Federação de Futebol, até que a entidade fizesse o ressarcimento do dano ao erário.
Ex-presidente da Liga de Futebol Profissional, Estevão Petrallás apresentou, no último dia 27 de maio, um pedido de acordo para a quitação do débito, no valor atualizado de R$ 128.477,24. A conciliação foi firmada pela Câmara Administrativa de Solução de Conflitos (CASC) e a entidade fez o pagamento de uma entrada de R$ 12.847,72 e o restante foi dividido em 47 parcelas.
Após ter sido nomeado pela CBF (Confederação Brasileira de Futebol), Estevão Petrallás foi eleito presidente da Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul no dia 8 de abril. Além de conquistar o comando da FFMS até 2027, o ex-presidente do Operário garante um salário mensal de R$ 215 mil, pago pela entidade máxima do futebol nacional.
O novo mandatário substituiu de forma definitiva Francisco Cesário de Oliveira, que reinou sobre o futebol de MS por 28 anos. A derrocada do ex-dirigente foi selada pela Operação Cartão Vermelho, deflagrada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) em 2023, que apontou desvio de R$ 10 milhões da federação.
Segundo o ranking nacional de federações, a FFMS ocupa a penúltima posição, com o segundo pior desempenho do país.