Produtores rurais de Dourados, liderados pela diretoria do Sindicato Rural de Dourados, conheceram uma prévia de pesquisa desenvolvida pela Embrapa e a empresa química alemã Basf, de desenvolvimento de um modelo tecnológico de boas práticas agrícolas e apícolas para as próximas safras. O projeto está em fase final e tem como objetivo incentivar a convivência harmônica entre sojicultores e apicultores, em defesa de sistemas de produção mais sustentáveis.
O presidente do Sindicato Rural de Dourados, Angelo Ximenes, que é engenheiro agrônomo, produtor e consultor, destaca que o modelo tecnológico irá implementar sistemas de produção agrícola mais sustentáveis, especialmente no tocante ao uso de medidas fitossanitárias e de boas práticas apícolas, gerando recomendações básicas aplicadas à realidade do campo.
A pesquisa vem sendo desenvolvida em importantes regiões produtoras no país, como Dourados. O pesquisador da Embrapa Soja, Décio Gazzoni é quem coordena os trabalhos. Em Dourados, o pesquisador e professor Crébio José Ávila está responsável pelas atividades práticas que estão sendo conduzidas diretamente nas propriedades rurais.
Segundo ele, os levantamentos já identificaram várias espécies de abelhas visitantes na cultura da soja, dentre elas, a apis, produtora de mel. "Verificamos que o impacto da presença da abelha na flor registrou aumento de 8 a 18% na produtividade da soja. Sabemos que a flor da soja já é polinizada quando se abre, mas ao receber a abelha, se poliniza ainda mais, com isso registramos aumento na cultura", relatou o pesquisador.
O projeto prossegue com a pesquisa até meados de março de 2024, quando será apresentado o resultado final em evento para a classe produtora, pesquisadores e estudantes. A proposta é promover uma boa convivência entre sojicultor e apicultor, de forma que os dois tenham ganho. Devido ao registro de mortandade de abelhas por pesticida, as boas práticas virão para garantir melhores técnicas a serem adotadas.
O pesquisador Crébio José Ávila, durante o desenvolvimento do projeto, tem feito avaliação de praga na lavoura. Uma vez chegada a fase da aplicação do defensivo contra percevejo, por exemplo, ele tem orientado o produtor a hora certa de entrar com o produto, a dosagem mais assertiva, bem como o melhor horário de aplicação, para não afetar as abelhas, principalmente quando a soja está florescendo. O apicultor também recebe orientações, principalmente quanto às providências a serem tomadas quando há aplicações de defensivos.
A engenheira florestal Simone Dias, da empresa GeoApis, parceira no projeto, apresentou aos produtores de Dourados um trabalho pioneiro especializado em mitigação e prevenção de mortalidade de abelhas. A startup que ela atua oferece soluções e projetos socioambientais contínuos às agroindústrias, produtores rurais e empresas interessadas em sustentabilidade. A empresa está desenvolvendo um trabalho pioneiro na Grande Dourados, para promover a coexistência harmônica entre a agricultura e a apicultura.
A diretoria do Sindicato Rural de Dourados acompanha de perto o resultado dos trabalhos. O presidente Angelo Ximenes diz que a pesquisa é de fundamental importância para garantir cada vez mais produtividade ao campo, sempre com as melhores práticas sustentáveis.