A piscicultura em Mato Grosso do Sul tem mostrado crescimento expressivo nos últimos anos. O estado, já consolidado como referência em diversas culturas, agora se destaca na produção de peixes, ocupando posições de liderança no ranking nacional. Conforme o relatório do Anuário da Piscicultura 2024, da Peixe BR, Mato Grosso do Sul ocupa o 5º lugar na produção de tilápia e a 8ª posição na criação de peixes de cultivo no Brasil.
Fatores como tecnologia, incentivos governamentais, expansão de mercados consumidores e capacitação na área, auxiliam no desenvolvimento da cadeia produtiva.
Desde 2013, quando o estado ocupava a 20ª posição no ranking nacional de produção de peixes, Mato Grosso do Sul tem avançado significativamente. Dados divulgados pela Pesquisa da Pecuária Municipal do IBGE indicam que, a partir de 2017, o estado melhorou sua posição para o 14º lugar, contribuindo com 2,2% da produção nacional. Em 2022, Mato Grosso do Sul alcançou a 10ª colocação, com uma participação de 3,8%.
Nos primeiros oito meses de 2024, o abate de peixes em Mato Grosso do Sul registrou um aumento significativo, com 16,8 milhões, comparado aos 10,1 milhões do mesmo período em 2023. “Esse crescimento é indicativo de uma profissionalização crescente da atividade, com novos investimentos e uma maior integração com o mercado interno e externo”, afirma Paula Martins, coordenadora da Assistência Tecnica do Senar/MS.
“A formação técnica desempenha um papel fundamental no desenvolvimento não só da piscicultura, mas também de outras cadeias produtivas, contribuindo para a profissionalização do setor. É através de técnicos qualificados que o produtor rural adquire conhecimento sobre soluções que otimizam o manejo da água e a qualidade dos peixes, por exemplo. Esse processo auxilia para que a produção seja cada vez mais sustentável e lucrativa”, destaca a profissional.
As espécies mais produzidas são: tilápia, com cerca de 32.000 toneladas; nativos, com 1.900 toneladas; e outros entre carpa, truta e panga, com 200 toneladas. O município de maior produção é Selvíria, seguido de Aparecida do Taboado, Itaporã, Dourados, Deodápolis, Mundo Novo, Paranaíba, Sidrolândia, Ponta Porã e Amambai (Dados do IBGE 2022).
Desafios do setor
Apesar dos avanços, a piscicultura sul-mato-grossense enfrenta desafios consideráveis. Um dos principais é o incentivo à produção de peixes nativos, como pacu e pintado, que têm diminuído ao longo dos anos. “Acreditamos ser interessante desenvolver a piscicultura em áreas onde a produção de tilápia não é viável, como na região do Pantanal”, pontua Paula. Além disso, os custos operacionais, especialmente com energia elétrica e questões tributárias, continuam a ser obstáculos significativos para o crescimento sustentável do setor.
Em termos de produção, as propriedades assistidas pelo Senar/MS mostraram um aumento no volume de peixe comercializado, passando de 21.357 kg no primeiro trimestre de 2024 para 38.744 kg no segundo trimestre. Conforme dados da Assistência Técnica, mais de 3.700 visitas foram realizadas em 451 propriedades de psicultura no Mato Grosso do Sul, em 2023, e até julho deste ano, 449 propriedades já foram atendidas.