O juiz Caio Márcio de Britto, da 1ª Vara do Juizado Especial Cível e Criminal de Dourados, mandou remeter à Polícia Civil o processo em que a vereadora Maria Imaculada Nogueira (PSDB) é acusada de ameaçar matar a ex-assessora Patrícia Brandão.
O pedido foi feito no dia 27 de abril pelo promotor de Justiça Ricardo Rotunno. No despacho, ele pediu que a Justiça determinasse à Polícia Civil a coleta de depoimento de cinco testemunhas e de duas crianças, filhas de Patrícia e também afetadas pelas ameaças.
A defesa de Maria Imaculada, feita pelo escritório do advogado Maurício Nogueira Rasslan, pediu que durante o depoimento dos filhos da suposta vítima seja nomeado curador diverso de seus genitores “para que não comprometam a busca da verdade real, já que poderão influenciar seu depoimento”.
Além das crianças, o promotor quer que a polícia interrogue Gilson Marcus Verão Brandão (marido de Patrícia), Josi Petelin, Tatiane Sales Echeverria, Renata Chaparro da Rocha e João Pinheiro Filho. Essas outras quatro testemunhas são pessoas próximas ou que trabalhavam para a vereadora.
“Determino a remessa do presente procedimento à Delegacia de Polícia para cumprimento das diligências requeridas”, despachou o juiz.
No dia 8 de julho de 2020, data em que Maria Imaculada comemorou 47 anos de idade, a vereadora afirmou com todas as letras: “se você me trair, FDP, eu pego a 9 milímetros e taco na sua boca”, se referindo à Patrícia Brandão.
A ameaça, apenas uma de várias feitas no período em que Patrícia trabalhou para Maria Imaculada, ocorreu durante discurso da vereadora em que pedia aos assessores para confiarem no “projeto que a gente tem”.
O caso foi denunciado por Patrícia Brandão no dia 2 de agosto do ano passado. Desconfiada que a assessora poderia traí-la passando informações sigilosas para seus adversários, Maria Imaculada prometeu dar tiro na boca de Patrícia. Em outro momento, disse que descarregaria uma pistola 9 milímetros na cabeça da assessora que trabalhou para ela de 2016 até o início daquele mês.
Outra denúncia extremamente grave envolve os dois filhos de Patrícia, na época com 10 e 9 anos de idade (que serão ouvidos agora pela polícia). Maria Imaculada aterrorizou as crianças falando que elas não deveriam sair de casa porque poderiam ser sequestradas e mortas.
Patrícia disse à polícia que a primeira ameaça ocorreu em junho de 2021. Naquele dia ela chegou na casa da vereadora para buscá-la e Maria Imaculada teria dito: “uma pessoa me perguntou se eu confio em você, esta pessoa me disse que eu te levo em todas as minhas reuniões, que você sabe tudo o que se passa na minha vida. Mas eu respondi para a pessoa que se você me trair eu te mato”.
Depois daquele dia, Maria Imaculada passou a fazer constantemente supostas brincadeiras em tom de ameaça de morte. Em outra data, a vereadora reuniu os assessores e disse se referindo a Patrícia: “se você me trair ou se vender eu dou um tiro na sua boca sua fdp”.
Já no dia 26 de junho, data em que Patrícia levou os dois filhos, de 10 e 9 anos, para almoço com Maria Imaculada em restaurante da cidade, a vereadora teria chamado o menino e a menina para uma conversa e dito que eles não deveriam sair para a rua enquanto não acabasse a investigação da suposta farra da publicidade, pois alguém poderia sequestrar ou matar os dois.