Justiça marcou para o dia 2 de agosto o interrogatório de Antonio José dos Santos; chefe de vigilância também foi denunciado
Alvo de várias denúncias de irregularidades nos últimos dois anos e pivô de escândalos que vão de fugas a suposto favorecimento de bandidos perigosos, o diretor da PED (Penitenciária Estadual de Dourados) virou réu por perseguir e ameaçar um servidor do sistema penitenciário de Mato Grosso do Sul.
A Justiça marcou para o dia 2 de agosto deste ano o interrogatório de Antonio José dos Santos. No mesmo dia, será interrogado outro servidor, Manoel de Almeida Guimarães, chefe de vigilância da PED e também acusado de perseguir e ameaçar o colega por ordem do diretor.
Conforme documentos aos quais o Dourados Informa teve acesso, a representação criminal contra Antonio José dos Santos e Manoel Guimarães foi feita no dia 25 de outubro do ano passado pelo agente penitenciário estadual Joairibe Martins Alves.
Na denúncia encaminhada à 2ª Delegacia de Polícia de Dourados, o servidor afirma que as perseguições começaram em junho do ano passado, quando ele foi promovido a chefe de equipe, responsável pela guarda externa, escolta e sala de armas da PED.
Segundo ele, em dado momento, passou a sofrer terrorismo psicológico de forma reiterada por parte do diretor e do outro chefe. Mesmo no cargo de chefia, Joairibe afirma que Antonio e Manoel passavam sobre sua autoridade, repassando ordens e tomando decisões sem sua anuência.
Após reclamar da falta de limpeza das torres externas onde os policiais militares ficavam até o ano passado (o serviço foi assumido parcialmente pelos agentes penitenciários), Joairibe diz que foi ameaçado pelo diretor da PED.
“Os PMS estão há mais de 20 anos e nunca reclamaram daquele local de trabalho, agora você vem me criar problemas. Acho que irei te afastar do cargo, até porque é você que está fazendo essas denúncias no Ministério Público”, teria dito Antonio José dos Santos ao subordinado.
Constrangido e humilhado perante sua equipe, o servidor afirma que viu sua situação piorar após seu nome ser cogitado para assumir o cargo de diretor adjunto da PED. Daquele momento em diante, as perseguições e indiferenças por parte do diretor e de sua chefia se intensificaram, segundo a representação.
Como já era esperado, Joairibe Martins Alves foi afastado pelo diretor. “Você está afastado das suas funções de chefe de equipe e será escalado na condição de componente de equipe dos pavilhões”, teria afirmado Antonio José dos Santos.
Em apoio ao superior, o chefe de vigilância Manoel de Almeida Guimarães teria afirmado: “é melhor você pedir sua transferência da PED, até porque, caso você insista, terá sérios problemas”.
No dia 25 de outubro, Joairibe afirma ter sido chamado pelo diretor e comunicado que seria transferido. Cansado de tanta perseguição, ele aceitou e pediu que fosse mandado para o presídio semiaberto feminino ou patronato penitenciário, por ficarem perto da sua casa.
Mas não foi o que aconteceu. O servidor foi removido para o presídio de Nova Andradina, a 200 km de Dourados. No dia seguinte o ato de Antonio José foi anulado pela chefia de Divisão de Estabelecimentos Penais da Agepen e o servidor ficou lotado no patronato penitenciário (unidade que atende presos em regime semiaberto e aberto).
Como consequência das perseguições, ameaças e assédio moral, Joairibe apresentou problemas de saúde com quadro de ansiedade, medo, angústias e isolamento.
Antonio José dos Santos, Manoel Guimarães, o autor das denúncias e as três testemunhas arroladas por ele foram intimadas na semana passada pelo juiz Caio Marcio de Britto para a audiência no dia 2 de agosto às 15h10.